O dia de hoje, 7 de setembro de 2022, era para ser uma data celebrada com orgulho por todos os brasileiros. Infelizmente, a festa teve como anfitrião um presidente chamado Jair Bolsonaro. O Brasil não merecia passar por isso, mas foi o que nos restou.

Ainda que Bolsonaro cometa barbaridades dia sim, o outro também, costuma-se dizer que a situação está relativamente sob controle porque “as instituições estão funcionando”. Isso não é verdade. As instituições estão sendo gradativamente destruídas pelo atual mandatário desde que ele assumiu, em 2019.

A Procuradoria-Geral da República foi implodida e não existe mais; a Polícia Federal está aparelhada para impedir investigações sobre os filhos suspeitos do clã Bolsonaro; os “colecionadores” e “atiradores esportivos” já têm mais armas que as polícias; o Congresso foi comprado com o dinheiro do orçamento secreto; as instâncias inferiores do Judiciário estão lotadas de juízes bolsonaristas; os piores inimigos dos indígenas e os garimpeiros ilegais controlam a Funai; os ruralistas mandam no Ministério do Meio Ambiente; há racistas ocupando a Fundação Palmares; e por aí vai.

Não há uma área sequer do País que está a salvo da ação nefasta do bolsonarismo. Se não fosse a atuação corajosa de alguns ministros do Supremo Tribunal Federal, estaríamos vivendo sob uma ditadura de extrema direita.

O pior, no entanto, é ver as Forças Armadas, uma instituição de Estado, não de governo, atuando de forma política de maneira tão ostensiva. O que se viu nesse 7 de setembro é vergonhoso em tantos níveis que fica difícil apontar qual é o pior. Transformar a celebração do Bicentenário da Independência, uma data cívica tão importante, em um comício é um óbvio crime eleitoral. Se as instituições estivessem funcionando, um candidato à reeleição não teria a coragem de usar a faixa presidencial em um evento de campanha.

Eu sei, não é nenhuma novidade, mas será que é tão difícil fazer um presidente agir de forma presidencial? Em um dia histórico, o que dizer de um homem que pede à população para fazer coro dizendo que ele é imbrochável? Além do constrangimento alheio que desperta, o que isso traz de bom para o País? Pensando bem, deve ser uma referência às próteses penianas e centenas de caixas de Viagra que as Forças Armadas compraram com o dinheiro dos nossos impostos.

Teve mais: e o desrespeito com o presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, que teve o lugar de honra ocupado pelo empresário Luciano Hang? Ver um personagem como ele no palanque do bicentenário apenas revela o que todos nós temíamos: viramos uma piada de mau gosto.

No dia em que celebra mos 200 anos de Independência, sofremos ao ver que deixamos de ser um País para nos tornarmos uma piada aos olhos do resto do mundo. Pelo menos nisso o presidente Bolsonaro alcançou seu objetivo: tornou o Brasil um pária mundial.