Thales, o Minimalista: MPB que reverencia a tradição sem se prender a ela (Foto: Athos Souza)
Thales, o Minimalista: MPB que reverencia a tradição sem se prender a ela (Foto: Athos Souza)

Como adjetivo, a palavra banzo equivale a desgostoso, aquela sensação de abatimento e tristeza causada por um infortúnio. Ela deriva da nostalgia profunda que acometia os negros africanos escravizados. Em terras distantes e desconhecidas, eles eram tomados pela apatia. Em alguns casos, esse processo psicológico leva à loucura e à morte. Parece estranho que banzo seja a palavra escolhida como título do mais recente CD autoral do mineiro Thales Silva, o Minimalista. Trata-se de um trabalho complexo desde a forma escolhida para o encarte, quase um quebra-cabeça de dobraduras em dois tipos de papel cuidadosamente colados pelas laterais. Um intrincado desenho que parece saído da cabeça de um arquiteto desmonta, à primeira vista, a ideia de minimalismo que o autor preconiza. Mas é só colocar o disco para tocar que a impressão se desfaz. A obra é um primor de delicadeza e lirismo. Uma MPB criativa que reverencia a tradição, inclusive a de seu conterrâneo Clube da Esquina, sem a ela se prender e sem perder o tom romântico: “Você é quem traz a minha paz/ Você é quem faz cessar o fogo/ Saliva no barbante da vela”. Segundo Thales, “foram meses trabalhando firme nesse projeto”, que ganhou corpo e o levou a convidar músicos e produtores dos quais é fã: Leonardo Rios Marques e Victor Magalhães Silva. Muitos amigos participaram das gravações, que contam com baixo acústico e violino, além da várias camadas de percussão. A produção, independente, contou com financiamento coletivo (foram 400 apoiadores) e o show de lançamento está agendado para o dia 30 no bar A Autêntica, em Belo Horizonte. Conheça amostras do trabalho do Minimalista na playlist Sons da Semana. Ou ouça, abaixo, como ele costura sua música com a dos Beatles em “Coisa Linda”.