Faleceu um dos maiores banqueiros do Brasil. Faleceu, pode-se dizer, também, um dos principais empreendedores do País. Mais: faleceu um homem que peregrinou, ao longo da vida, preocupado em sanar nossas mazelas sociais. Mais ainda: faleceu um grande e apaixonado alvinegro corintiano. Faleceu “Seu José”, como ele gostava de ser carinhosamente chamado pelos amigos. Faleceu, infelizmente, Joseph Safra, aos 82 anos, na quinta-feira 10, de causas naturais, em São Paulo. E nós perdemos um judeu libanês, naturalizado brasileiro, que adotou o País como sua verdadeira morada e aprimorou a instituição financeira criada por seu pai, Jacob Safra. Fundado aqui em 1955, o Safra é hoje um dos mais consolidados bancos — e ele, Joseph, ostentava o título de o homem mais rico do Brasil, segundo ranking da revista americana “Forbes”, dono de um patrimônio de aproximadamente US$ 23 bilhões; em termos internacionais, sua fortuna o colocava na sexagésima terceira posição.

AMIGOS FRATERNOS Domingo Alzugaray e Joseph Safra (à dir): o otimismo como razão de viver (Crédito:Divulgação)

Devido à capacidade administrativa de Joseph, dada a sua férrea vontade de trabalhar e pelo gosto de colocar-se diante de desafios e obstáculos para vê-los vencidos, era ele um colecionador de amigos que também faziam do trabalho e da briga diária por um País mais justo a razão de viver com eterno otimismo na alma — a exemplo dos fraternos laços mantidos ao longo do tempo com Domingo Alzugaray, fundador da Editora Três e editor responsável da revista ISTOÉ, falecido em 2017.

Manuscritos de Einstein

Além do talento de agigantar cada vez mais o Grupo Safra, Joseph possuía vasta cultura e a espalhou pelo mundo: no Brasil, ele doou esculturas de Rodin para a Pinacoteca de São Paulo; a um museu de Jerusalém, ele deu o manuscrito original da Teoria da Relatividade formulada por Albert Einstein. Se saber ganhar muito dinheiro é difícil ofício, empregá-lo bem é arte para poucos. Joseph era sabedor de ambas as coisas: agora, na tristeza da pandemia, deu R$ 40 mihões a hospitais e Santas Casas de Misericórdia — atitude filantrópica que, ailás, sempre marcou a sua vida, assim como o ecumenismo de espírito que o levou a erguer templos para todos os credos e religões. Joseph Safra era casado com Vicky Sarfaty, deixa quatro filhos e quatroze netos.