Jair Bolsonaro não sabe comer, falar, conversar, trabalhar, governar. E descobriu-se agora que apesar de ser metido a bandoleiro, também não consegue nem destravar uma pistola. Tentando se exibir num clube de tiro em Brasília, ontem, o presidente precisou ser ajudado pelo filho Carlos, o 02, responsável pelo marketing da campanha eleitoral do pai, para conseguir cumprir o intento. Com todo discurso armamentista que propaga e com sua formação de militar, Bolsonaro consegue passar vergonha mesmo numa situação banal em que tenta mostrar virilidade e poder de fogo. No final, só consegue mandar uma mensagem de frouxidão e inépcia. Sua imagem impotente segurando uma arma sem conseguir apertar o gatilho é um símbolo da inutilidade e da inoperância presidencial. O filho solícito soprou no ouvido do pai para ele tirar a trava. Antes disso, Bolsonaro, com o olhar aparvalhado, ficava girando a pistola na mão sem entender o que estava acontecendo.

A descoberta de que Bolsonaro tem dificuldades com armas deveria ser surpreendente, mas é só mais um atestado de sua ignorância absoluta. Podia se esperar ele fosse um atirador experiente, hábil como um bandoleiro, já que acha que armas resolvem qualquer problema e todo “homem de bem” deveria possuir e saber usar uma. Mais uma vez, porém, se confirma que o capitão reformado não consegue fazer nada direito e seus conselhos são uma tola tentativa de enganar os desavisados. Quando tenta botar banca de machão, ele dá com os burros n’água. No campo de batalha, o presidente brasileiro provavelmente seria o cara do fogo amigo, que alvejaria seus colegas de luta sem querer, ou, se tivesse alguma posição de comando, seria o chefe que tomaria uma decisão absurda levando todos seus comandados à morte. E se precisasse destravar uma arma com destreza em uma situação de perigo levaria um tempo tão longo na tarefa que tomaria uma bala na pança.

O que serve de consolo nessa história é que num golpe comandado por Bolsonaro possivelmente os tiros sairiam todos pela culatra e seu exército, cuja operação logística seria comandada por mentes tortuosas como a de Eduardo Pazuello, sucumbiria à fome e ao frio. Nem a ajuda marqueteira de Carlos seria capaz de evitar uma situação desastrosa. Na hora que Bolsonaro tivesse de desmontar e montar um fuzil, por exemplo, a batalha teria que ser interrompida durante horas. Com um monte de peças espalhadas na sua frente, ele iria ficar paralisado e confuso. Há, portanto, algum motivo para comemorar essa nova demonstração de ignorância do presidente. Apesar de ser mais um prova de que Bolsonaro não sabe nada, a trava na pistola mostra que a democracia corre menos risco do que parece. A presença de Bolsonaro no comando de qualquer coisa é uma certeza de derrota.