Jair Bolsonaro cabe sob medida em uma das principais frases de Sturm und Drang, de Friedrich Klinger: “minha desdita é que onde eu deveria ser alguma coisa, eu sempre sou nada”.
Senão vejamos:

Para Bolsonaro fica a frase de Marco Maciel, vice-presidente no governo de Fernando Henrique Cardoso: “tudo pode acontecer na data de Sete de Setembro; inclusive nada”.

Bolsonaro começou a quarta-feira falando estultices no café da manhã. Disse que a história pode se repetir: “queria dizer que o Brasil já passou por momentos difíceis, mas por momentos bons: 22, 35, 64, 16, 18 e agora. A história pode se repetir (…)”.

Bolsonaro devia ter estudado a história do Brasil, agora nem adianta mais, ele jamais conseguirá aprender alguma coisa – já na época do Exército foi medíocre, “não foi um bom militar”, e quem assim o classificou foi o general Ernesto Geisel, um de seus ídolos do golpe de 1964.

Pois é, Bolsonaro, Geisel não gostava de você…

Ao falar em 1922, Bolsonaro, com certeza, referiu-se ao movimento do Tenentismo. 1935? Ele quis dizer “Intentona Comunista”. 1964, claro, foi o golpe militar que ele ama e do qual é nostálgico. 2016 e 2018, respectivamente, correspondem ao impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff e a sua própria eleição.

Bolsonaro é um tolo e ignorante na história do Brasil, um chutador de datas.

Qual clima político e qual clima social existem hoje para que se repita, por exemplo, 1922? Ou que ocorra a sua reeleição, capitão?

Em 1922, uma nova elite brasileira (a incipiente, mas já forte classe empresarial produtiva em formação) apoiava o Tenentismo, contrário à arcaica predominância agrária na política café-com-leite entre São Paulo e Minas Gerais. O Tenentismo desaguaria na Revolução de 1930, sonhando com a modernização do Brasil sob o comando de Getúlio Vargas (que em 1937 nos colocou sob a ditadura do Estado Novo).

Quanto a 2018, você, Bolsonaro, acabou eleito graças aos votos anti-Lula. Agora, Lula lidera as pesquisas de intenção de votos. Além disso, boa parte da elite empresarial produtiva não está ao seu lado, tolo Bolsonaro – lembra da carta da FIESP no Largo de São Francisco?

Bastam esses dois exemplos para demonstrar que Bolsonaro não consegue analisar um lance sequer no tabuleiro político do País.

Geisel tinha razão.