“A implantação do Prime segue nosso lema: tão rápido quanto possível ou tão devagar quanto necessário” Talita Taliberti, gerente do Amazon Prime (Crédito:Marcelo Bruzzi)

Da noite para o dia, o varejo brasileiro recebeu uma novidade. Apesar de ser esperada entre os mais atentos ao mercado, a Amazon Prime chegou de repente para a maior parte das pessoas. A assinatura permite que o cliente tenha acesso a todos os serviços da Amazon, incluídos os streaming de vídeo, de música e de livros, além do frete grátis em alguns produtos do catálogo da empresa. Os que tinham a assinatura de algum desses produtos, migraram automaticamente para o plano Prime. Apesar do anúncio repentino, a preparação vem de meses. A Amazon está se aproximando cada vez mais do público brasileiro, conhecendo melhor os hábitos de consumo. Em janeiro, um centro de distribuição foi aberto em Cajamar, São Paulo. De acordo com a gerente geral do Amazon Prime no Brasil, Talita Taliberti, a empresa decidiu pelo lançamento do pacote de serviços por ser o momento adequado. “Tão rápido quanto possível ou tão devagar quanto necessário”, diz.

LOGÍSTICA O centro de distribuição da empresa em Cajamar facilita que os produtos sejam entregues no tempo prometido (Crédito:Julio Vilela)

Ela explica que além de adequar a logística da empresa ao Brasil, sempre algo muito complexo por causa das dimensões do País e da dependência do transporte rodoviário, foi necessário aproximar os catálogos de streaming aos gostos da cultura nacional. Assim, mais músicas brasileiras foram adquiridas e a produção de uma série documental sobre a Seleção Brasileira na Copa América de 2019 foi anunciada antes do lançamento do Prime. No E-commerce, o impacto vai além. Para Patrícia Cotti, diretora executiva do Instituto Brasileiro de Executivos de Varejo e Mercado de Consumo, um serviço de assinatura desses insere a empresa nas considerações de quem possui o dinheiro para fazer alguma aquisição. “Se o cliente já tem o Prime, ele vai pensar na Amazon na hora de comprar algo do interesse dele”, avalia. Para ela, a empresa é focada nos chamados “amazon fans”, clientes fidelizados e entusiastas do conglomerado, que geram um forte engajamento para promoções e anúncios. Além de já estar em efeito para o Black Friday, no final de novembro, o Amazon Prime prevê um novo feriado de compras no calendário brasileiro, o Prime Day. É uma data criada pela empresa, geralmente no meio de julho, em que promoções e descontos generosos são oferecidos aos clientes. O lucro nesta data é o grande fluxo da empresa, valendo mais que a sexta-feira negra ou o Natal.

“A implantação do Prime segue nosso lema: tão rápido quanto possível ou tão devagar quanto necessário” Talita Taliberti, gerente do Amazon Prime

Impactando a concorrência

Logo no dia do anúncio, as concorrentes brasileiras sentiram o golpe. As ações da Magazine Luiza, Via Varejo (Ponto Frio e Casas Bahia) e B2W (Submarino, Lojas Americanas e Shoptime) acumularam mais de 5% em perdas na Bolsa de Valores para cada – percentuais que levaram uma semana para serem recuperados. Apesar do estrondo, a Amazon ainda tem números modestos no tráfego online. De acordo com o Euromonitor, em agosto, a empresa teve 47 milhões usuários no Brasil, atrás dos demais concorrentes e do líder, Mercado Livre, com 286 milhões. Algumas contam com serviços semelhantes ao “prime”, oferecendo descontos e frete grátis em alguns itens do catálogo, e muitas apostam em parcerias para oferecer “cashback” – crédito digital que corresponde à porcentagem de uma compra e pode ser usado em compras futuras. O Mercado Livre oferece entregas gratuitas através de um programa de fidelidade. Mesmo assim, a concorrência com a Amazon levará a mais ações de mercado. E quem vai ganhar é o consumidor.

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