Tudo indica que o movimento integralista, que surgiu com força na década de 30 no Brasil, e que tinha no fascismo sua fonte de inspiração, está tentando voltar ao cenário político nacional. Até porque, como todos sabem, o governo Bolsonaro tem estimulado o retorno de grupos da extrema-direita, que é a principal característica da até então extinta Ação Integralista Brasileira (AIB), fundada em 1932 pelo escritor brasileiro Plínio Salgado. Afinal, o ataque com coquetéis molotov ao grupo Porta dos Fundos, no Rio de Janeiro, foi assumido por gente que se diz representante do integralismo. O mais impressionante disso é que o governo Bolsonaro até agora ainda não se manifestou sobre o ataque com bombas ao Porta dos Fundos. O que vemos é gente ligada aos Bolsonaros dizerem que esse grupo achincalhou os princípios cristãos, ao representar Jesus como gay. Ok, os religiosos podem não ter gostado da representação artística do Porta dos Fundos, mas vale lembrar que a liberdade de expressão permite com que qualquer manifestação artística tem que ser respeitada. Se a pessoa não gosta do que produzem, não assista. O que não é possível é se permitir, e até estimular, que membros de facções criminosas como esse suposto movimento integralista possa colocar em risco a democracia, atirando bombas incendiárias a prédios privados, colocando em risco a vida de pessoas. E, pior, o governo Bolsonaro simplesmente se calou quanto ao ataque à Porta dos Fundos. Com isso, deu aval ao ataque.

Mais do que uma ameaça à segurança pública, um ataque como esse tem que ser combatido com veemência. Não podemos permitir que movimentos como a Ação Integralista Brasileira retornem à cena política brasileira, assim como já houve no passado com o CCC (Comando de Caça aos Comunistas) ou os grupos paramilitares que comandaram ataques à democracia nos anos 80, como o caso Riocentro, a bomba na OAB do Rio, ataques a bancas de jornais. Esses movimentos precisam ser sepultados e suas ações coibidas. O movimento integralista precisa ser escorraçado.

No passado, seus integrantes, com pendões fascistas e também nazistas, trouxeram grande instabilidade à cena política brasileira. A partir dos pensamentos de Plínio Salgado, o grupo queria “fazer uma revolução” no país, com ideais conservadores, ultranacionalistas, calcados em pensamentos católicos ultrapassados e de tendência da extrema-direita. O movimento tomou fôlego ao ponto de na eleição de 1937 o escritor Plínio Salgado ter chegado a liderar o processo da eleição presidencial, mas Getúlio Vargas deu o golpe do Estado Novo e afastou os integralistas do poder. No início, Salgado chegou a apoiar Getúlio pois pensava em virar seu ministro da Educação. Como Getúlio rechaçou o integralismo, o movimento tentou um contragolpe, cercando Palácio Guanabara, sede do governo à época. Muitos integralistas foram fuzilados e 1.500 presos sob custódia de Filinto Muller, o carrasco do Estado Novo. Plínio Salgado foi exilado em Portugal. Agora, com os integralistas ameaçando voltar, seria bom que não deixássemos essa serpente do mal tomar conta do cenário brasileiro. A punição exemplar aos que jogaram as bombas na Porta dos Fundos seria uma boa atitude dos governantes.