16/04/2021 - 9:30
Com o rosto e o jeitinho que lembram um ingênuo veterano do Exército da Salvação, o presidente norte-americano, Joe Biden, é um monumento de esperteza política. Ele sabe que não foi por mera coincidência que, na semana passada, uma policial branca matou sem a menor necessidade de autodefesa um delinquente negro de 20 anos de idade — ainda que jamais reconheça isso publicamente. Tratou-se mesmo de um recado para a Casa Branca. A cerca de quinze quilômetros do local onde, em maio de 2020, o preto George Floyd teve o pescoço esmagado pelo joelho de um guarda branco até morrer, Daunte Wright foi abatido em Brooklyn Center, subúrbio de Minneapolis. Derel Chauvin, o assassino de Floyd, está sendo julgado nessa região. O que a polícia de Minneapolis quis dizer é o seguinte: Pode Chauvin ser condenado até à prisão perpétua que ela não abandonará a sua notória crença na supremacia racial — e seguirá matando negros. Ao contrário de Floyd, Daunte enfrentou a polícia, tinha mandado de prisão contra ele, tentou fugir de carro, foi alvejado e dirigiu ainda por alguns quilômetros. Mas estava desarmado. Biden limitou-se a pedir uma protocolar calma nos protestos, sabendo que qualquer outra providência lhe daria o papel de tolo. A policial que matou Daunte é uma das mais experientes da polícia dos EUA e diz ter confundido a arma taser, que paralisa por choque, com a pistola que dispara balas letais. Mentira. Da mesma forma, Biden estaria mentindo se prometesse acabar com o racismo estrutural que há no país.
A policial sob suspeita
Kim Potter, a policial que diz ter confundido a taser que dispara choques com a pistola de projéteis letais, demitiu-se. Poucos acreditam que de fato tenha havido esse equívoco involuntário por alguém com vinte e seis de experiência — e tida como uma das melhores policiais americanas. Dois casos devem ser lembrados.
2009 – na Califórnia, um guarda de trânsito matou Oscar Grant e disse que confundira taser com pistola.
2015 – em Oklahoma, um policial matou Eric Harris e alegou o mesmo engano.
Detalhe: as duas vítimas eram negras.
CIDADES
O Cristo de Encantado
O Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, eleito uma das Sete Maravilhas do Mundo pela ONU e que completa noventa anos em outubro, não mais estará sozinho no País. Um monumento similar está sendo erguido na cidade gaúcha de Encantado – e será cinco metros mais alto: o original possui trinta e oito metros de estatura, esse novo terá quarenta e três. A Associação Amigos do Cristo espera arrecadar ainda esse ano cerca de R$ 2 milhões em doações para concluir a obra.
COMPORTAMENTO
Em um só Brasil, empatia e hedonismo
Duas imagens reveladas na semana passada mostram o abismo de consciência e inteligência que vêm separando brasileiros ao longo da pandemia. Na cidade capixaba de Colatina, profissionais de saúde, que sequer sabem nadar, atravessam um rio para levar vacina à choupana de Palmerina Souto, senhora de 93 anos de idade. No Amazonas, três embarcações foram interceptadas pela polícia. Setenta pessoas, sem máscaras, aglomeradas, desrespeitando medidas sanitárias e jogando a favor da proliferação do vírus faziam uma festança de cinco dias e cinco noites ininterruptas. Bombas de coronavírus quando pisassem em terra firme. A turma hedonista dos navios desconhecem empatia.
