Bolsonaro demonstra que é contra as reformas, embora seu ministro Paulo Guedes as considere indispensáveis. No ano passado, o presidente não mexeu uma palha para ajudar na aprovação da Reforma da Previdência. Pelo contrário, só atrapalhou. Não fosse Rodrigo Maia e Davi Alcolumbre, a reforma não teria sido aprovada no Congresso. Bolsonaro não queria que passasse nada que prejudicasse os militares. Tanto fez, inclusive, que deu-lhes até aumentos, enquanto os civis terão que trabalhar até morrer. Pior: não quer mandar para o Congresso as reformas tributária e administrativa. Já estamos em março e nada das propostas do governo chegarem à Câmara. Guedes já entregou seu projeto da reforma administrativa ao Planalto, em dezembro, mas Bolsonaro sentou em cima dele.

Temor

E por que Bolsonaro não faz a reforma administrativa andar? Elementar. O presidente não quer tirar privilégios dos
11 milhões de servidores, para não perder o apoio do funcionalismo, visando 2022. Guedes até sugeriu que se acabasse com a estabilidade, mas o presidente esconjurou a proposta. Não quer mexer com os marajás do serviço público.

CPMF

Não faz também a reforma tributária caminhar. Até hoje, não mandou a proposta do governo para a Câmara. Como se sabe, no segundo semestre nada se aprecia no Congresso por conta das eleições. A turma de Guedes quer introduzir, inclusive, a nova CPMF, mas os congressistas não topam. Então, fica esse chove não molha e nenhuma reforma tem andamento.

De molho

GABRIEL REIS

A deputada Joice Hasselmann (PSL-SP) ficará no estaleiro durante dez dias. Escreveu no Twitter que vai ter que se submeter a duas cirurgias nos próximos dias. Não diz quais serão, mas adiantou que passou mal nas últimas duas semanas: sentiu palpitações, dores no estômago e hemorragia. Afirmou não ser nada grave. Ela pretende ser candidata à prefeitura de São Paulo e quer estar bem para a campanha.

Rápidas

* A economia paulista cresceu mais do que o dobro do que a brasileira. Enquanto o PIB de SP cresceu 2,75% em 2019, o brasileiro subiu apenas 1,1% no ano passado, o primeiro ano do governo Bolsonaro. Os paulistas foram mais competentes na atração de investimentos.

* O ex-presidente Michel Temer está definitivamente fora da política. Disse que não vai mais se candidatar a nenhum cargo: “Já fui tudo”. Agora, ele só vai cuidar do escritório de advocacia, da mulher e de Michelzinho.

* Conferência em Harvard, em abril, para discutir o Brasil, reunirá quatro presidenciáveis: Doria, Moro, Huck e Maia. O ex-presidente do Inpe, Ricardo Galvão, demitido por causa do alerta que fez sobre a Amazônia, também irá.

* Os governadores vão pedir que o governo federal libere RS$ 1 bilhão para que os estados adotem as medidas cabíveis no combate ao coronavírus, que assusta o mundo, sobretudo na construção de mais leitos hospitalares.

Retrato falado

“A resposta jurídica é o impeachment” (Crédito:Carlos Magno)

O governador do Rio, Wilson Witzel (PSC), que já foi o queridinho de Bolsonaro, agora quer que saia do cargo. Em meio ao tumulto provocado pelo compartilhamento de vídeos em que o presidente usou para convocar protestos para o próximo dia 15 contra o Congresso e o STF, Witzel disse que a resposta jurídica para o comportamento antidemocrático do mandatário é propor o impeachment. É mais um ex-aliado que se rebela contra Bolsonaro. Ele vai acabar ficando só, como Dilma e Collor.

A aposta de Moro

Moro demonstrou em Foz do Iguaçu, no sábado, durante reunião dos governadores do Sul e Sudeste, que escolheu um lado nas eleições de 2022: apoiará Bolsonaro. Deixou isso explícito em uma conversa com o governador Doria, que o sondou sobre os caminhos que ele pode tomar na sucessão. “Estaremos em lados distintos”, disse Doria ao explicar como foi o diálogo.
A posição que Moro defendeu sobre o motim dos policiais no Ceará deu a linha do que Bolsonaro defende: não baterá em policiais só para agradar os chefes dos poderes estaduais. “Motim é ilegal, mas policial não pode ser tratado como criminoso”, disse Moro. A greve acabou domingo, mas os efeitos permanecem.

Toma lá dá cá

Marcelo Ramos, Deputado Do PR-AM (Crédito:Câmara dos deputados)

O senhor acredita que a Câmara aprove a PEC que prevê a prisão em segunda instância?
Tenho a convicção de que conseguiremos aprovar
a PEC 199. Ela será uma verdadeira reforma do Poder Judiciário, pois trará o trânsito em julgado para
a segunda instância.

O fato de haver parlamentares que respondem a processos na Justiça pode prejudicar o andamento do projeto?
No âmbito da comissão especial, vejo os parlamentares conscientes de que o Congresso precisa entregar à sociedade uma justiça mais célere, que acabe com a impunidade.

Quando o senhor acredita que o projeto será votado em plenário?
A ideia é que a partir de abril a gente leve o texto ao plenário, já com os votos necessários para a aprovação.

Discórdia

A queda de braço entre os governadores e Bolsonaro por causa do motim dos PMs cearenses é o que os coloca em lados opostos. Bolsonaro não quer criticar os PMs por mais transgressores que tenham sido na greve no Ceará, enquanto os governadores não desejam que o mau exemplo se espalhe pelos estados.

Furiosa

Divulgação

A deputada Janaína Pascoal (PSL) se diz desiludida. Aproveitou uma sessão na Assembleia paulista para desancar os Bolsonaros. O que mais apanhou foi o deputado Eduardo. Disse que o presidente fala que o orçamento impositivo é golpe contra o governo, mas seu filho foi um dos que incentivou o voto pelo orçamento sob controle do Congresso.

Fugiu

E que agora, no meio da confusão entre Executivo e Legislativo pelo veto de Bolsonaro ao orçamento impositivo, Eduardo se refugiou em Washington para a conferência dos conservadores americanos. Fugiu, como sempre, diz ela. Nos EUA, o 03 está mais preocupado com a reeleição de Trump do que ajudar o pai a sair da enrrascada no Congresso.

Bebianno dá a volta por cima

Divulgação

O ex-ministro Gustavo Bebianno, desprezado por Bolsonaro, virou o jogo e acaba de ser escolhido pelo PSDB como o candidato a prefeito do Rio de Janeiro pelo partido. Substituirá Mariana Ribas. A mudança teve o aval do governador de São Paulo, João Doria. A decisão foi acertada: Bebianno tem mais densidade eleitoral.