Eduardo Pazuello entrou hoje, definitivamente, para o time dos antiministros do antipresidente Jair Bolsonaro. Vai compor com Damares Alves, Ricardo Salles, Ernesto Araújo. E outros que devo estar esquecendo.

Augusto Heleno, é claro! Mas vamos em frente.

Antiministros destroem em vez de construir. Põem a ideologia acima da gestão. São abjetamente submissos aos caprichos de Bolsonaro e repetem sem vergonha as ideias que nascem do fígado do presidente. Fazem deste governo um dos piores que o mundo já viu.

Pazuello compareceu hoje a uma audiência da comissão sobre Covid-19 do Congresso. Deveria explicar por que quase 7 milhões de testes de Covid-19 estão parados nos armazéns federais. Fez sua “defesa” em duas linhas.

Primeiro, disse muito satisfeito que entregou todos os testes que Estados e municípios pediram. O que não pediram ficou guardado, esperando a perda de validade.

O antiministro admitiu tacitamente, portanto, que sua pasta abdicou de cumprir o papel que lhe cabia na pandemia: o de produzir informações que pudessem orientar uma política nacional de prevenção da doença e redução dos seus danos.

É a velha história: desde que o Supremo impediu Bolsonaro fazer o que bem entendesse na crise, ele optou por não fazer nada, sob o falso argumento de que toda a responsabilidade cabia a governadores e prefeitos. Pazuello, hoje, se sente confortável como fantoche do menino mimado Bolsonaro.

A segunda linha de defesa é que, no fim das contas, os testes não servem para muita coisa.  Segundo Pazuello, só a análise clínica pode fechar um diagnóstico.

O antiministro confunde tudo: diagnóstico e tratamento de indivíduos com informação epidemiológica sobre a doença, que depende, em boa medida, de testagem. Não é por outra razão que países com gente séria combatendo a pandemia testam e testam e testam. Não se sabe de onde veio a “teoria Pazuello”, mas seu destino é o lixo.

Tem mais. Diante das evidências de que o número de casos disparou e muitas localidades já estão com o sistema hospitalar novamente à beira do colapso, o anti-ministro tergiversou. “Coisas acontecem, sobe. Depois desce.” Pois é.

Para arrematar, e como seu chefe prefere a morte de cidadãos ao distanciamento social, Pazuello tirou do colete outra teoria maluca sobre ondas da Covid. Só a primeira teria a ver com o vírus, as outras diriam respeito a violência doméstica, doenças psicológicas e outras enfermidades.

Mais uma vez, é a velha história: ninguém precisa de um ministro (e de um presidente) que diante dos problemas diga “pois é, a vida é cruel”. Governantes são eleitos para agir e, no mínimo, reduzir danos.

A fala de Pazuello sobre vacinação foi preocupante.

Ele disse que a prioridade do governo é oferecer aos cidadãos um imunizante de eficácia comprovada. Deveria ser o óbvio, mas com o governo Bolsonaro nunca se sabe.

Logo em seguida, porém, o antiministro afirmou que os fabricantes de vacinas terão dificuldades para atender a demanda brasileira. Soou como um alerta:  que ninguém se anime; e por favor, não venham nos cobrar.

São várias as lições da audiência pública, nenhuma delas boa. Como ministro da Saúde, Pazuello é um antiministro. Como especialista em logística, ele é menos eficiente que um bom chefe de almoxarifado. Não haverá distribuição adequada de vacina tão cedo. E também não há plano para os repiques da doença em 2021. A instrução do governo aos brasileiros é: habitue-se com a morte.

Finalizo com uma paráfrase de Dante: “Deixai toda esperança vós que entrais no país de Bolsonaro”.