Guilherme Amado Coluna

Coluna: Guilherme Amado, do PlatôBR

Carioca, Amado passou por várias publicações, como Correio Braziliense, O Globo, Veja, Época, Extra e Metrópoles. Em 2022, ele publicou o livro “Sem máscara — o governo Bolsonaro e a aposta pelo caos” (Companhia das Letras).

O algoz da recuperação de Lula na pesquisa Quaest

No Planalto, a avaliação é que havia um esboço de recuperação de Lula que foi freado por um escândalo

Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil
Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

A avaliação no Planalto é que o escândalo do INSS barrou o que seria um esboço de recuperação do governo na pesquisa Genial/Quaest, divulgada nesta quarta-feira, 4. A desaprovação ao governo Lula aumentou de 56%, em março, para 57%, em maio, oscilando dentro da margem de erro. Os números não são muito diferentes do monitoramento da Secom. Para auxiliares do presidente, essa variação não acendeu nenhum alarme, mas deixou claro que a fraude previdenciária foi a algoz da recuperação que começou a aparecer na percepção dos entrevistados sobre a economia.

Apesar da grande reprovação a Lula, a pesquisa mostrou que a imagem da economia melhorou entre os brasileiros. O número de pessoas que avaliam que a situação econômica piorou nos últimos 12 meses caiu de 56% para 48%. A percepção de alta de preços de alimentos baixou de 88% para 79% e a de combustíveis, de 70% para 54%. Para a Secom, a tendência de melhora vai se consolidar diante de projeções mais positivas de controle da inflação, como o IPC (Índice de Preços ao Consumidor), que teve sua quarta semana consecutiva de desaceleração.

A pesquisa trouxe ao menos um agrado para chefe da Secom, Sidônio Palmeira, que vive pregando aos ministros ser preciso mostrar os feitos do governo, sobretudo grandes ações. Para ele, além da propaganda oficial, é importante que essas ações estejam presentes nas entrevistas e discursos de Lula e dos ministros. A pesquisa deu instrumentos a ele. Mostrou que os programas de governo não chegam na ponta. O desconhecimento dessa agenda positiva é grande. Por exemplo, apenas 38% dos entrevistados sabiam do aumento do Bolsa Família.

Na visão da Secom, a crise do INSS já estava precificada. A avaliação é que o pior passou. No entanto, os bolsonaristas descobriram que falar do dano causado aos aposentados é muito mais rentável, do ponto de vista político, do que ficar falando de anistia. Até Bolsonaro, que estava monotemático, está dando visibilidade ao escândalo na Previdência, sem lembrar, é claro, que a fraude começou em seu governo.