11/05/2020 - 10:24
“V” para retomada, “W” para recaída repentina, “L” para o pior cenário. Os economistas usam o alfabeto para definir em uma única letra as diferentes curvas da crise após o desconfinamento.
Todas as curvas estão atualmente seguindo a mesma tendência de queda nesta crise que o Fundo Monetário Internacional (FMI) apresenta como a pior recessão desde a Grande Depressão de 1929. As dúvidas agora são de como se recuperará.
– O esperado “U” –
Após a queda na atividade causada pelo fechamento de fábricas nas principais economias mundiais, o crescimento continuaria no ponto mais baixo por alguns meses até começar a se recuperar.
A recuperação levaria tempo para se materializar, sobrecarregada por setores como turismo, ou comércio, onde os efeitos econômicos da pandemia permanecerão por muito mais tempo.
Para o FMI, ou a Comissão Europeia, França, Espanha e outros países europeus poderão seguir esse caminho e emergir depois de 2021, desde que não haja uma segunda onda da pandemia.
O Executivo europeu prevê, por exemplo, uma contração “histórica” de 7,7% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2020 nos 19 países da zona do euro, antes de uma recuperação de 6,3% no ano seguinte.
– O desejado “V” –
Esse foi o cenário mais otimista quando medidas de contenção começaram a ser aplicadas para conter a propagação da epidemia.
Os defensores da curva em “V” estavam apostando em danos limitados, graças a medidas como desemprego temporário nas empresas e uma rápida recuperação do consumo, devido ao dinheiro economizado durante esse período.
À medida que a crise se prolonga, esse cenário é menos provável, embora existam instituições que ainda acreditem nessa rápida recuperação.
Assim, o Banco da Inglaterra está prevendo uma queda de 14% no PIB no Reino Unido este ano, mas espera que uma recuperação de 15% da atividade em 2021 apague essa queda.
– O temido “W” –
A curva “W” lembra uma montanha-russa com uma descida vertiginosa, uma pequena primeira subida, uma recaída brutal e, finalmente, a esperada ascensão ao crescimento.
A zona do euro experimentou esse cenário durante a última crise. Após o primeiro golpe em 2008, devido à falência do banco americano Lehman Brothers, a crise da dívida, iniciada em 2010, em países como Grécia, Itália e Espanha, representou um novo revés.
Ao contrário da zona do euro, os Estados Unidos registraram uma curva em “U”.
Para os economistas, esse cenário não muito otimista seria inevitável no caso de uma segunda onda pandêmica.
– O temido “L” –
Do ponto de vista econômico, esse seria o pior cenário, aquele que não oferece luz no fim do túnel.
Após um declínio brutal, o crescimento não se recuperaria e a economia passaria por um longo período de atividade estagnada.
Um cenário em “L” se traduziria, portanto, em uma infinidade de falências e em um número astronômico de desempregados, bem como no eventual fim da economia globalizada de hoje.
Um caso de recessão “L” é, para os economistas, a “década perdida” que o Japão experimentou na década de 1990: crescimento econômico lento e um fenômeno de deflação.
– “ABC”, ou “Just do it” –
Além desses modelos, outros são estudados para sair da crise, um deles baseado nas três primeiras letras do alfabeto.
No cenário “ABC”, a curva chegaria primeiro ao ponto “A” (o mais baixo), depois passaria por uma rápida recuperação no ponto “B” e, eventualmente, diminuiria e levaria alguns anos para atingir “C”, seu nível pré-crise.
Uma versão desse cenário seria uma curva sem letra do alfabeto, mas com um formato muito semelhante ao logotipo de uma conhecida marca de roupas esportivas. Uma queda seguida por uma recuperação que, no entanto, levaria tempo para atingir seu nível pré-crise.