O estádio do Arena Corinthians, em São Paulo, silenciou por um minuto antes do início do clássico Corinthians e Santos, no domingo 10. Era uma homenagem ao infectologista Artur Timerman, que faleceu no sábado 2, depois de lutar durante dois anos contra um linfoma. Tuta, como era conhecido pelos amigos e familiares, sempre foi um dos mais apaixonados torcedores do Corinthians e recebeu o presente dos jogadores e da torcida alvinegra. O ato emocionou a todos na arena, especialmente aqueles que o conheciam. Estavam presentes mais de cinquenta pessoas próximas de Artur, todas uniformizadas com uma camiseta desenhada especialmente pelo cartunista Maurício de Souza.

Amigos e familiares de Artur Timerman na Arena Corinthians

Timerman tratava seus pacientes com extrema sensibilidade, paciência e respeito, colocando em prática o princípio da medicina que determina um tratamento humano e personalizado para cada indivíduo. Vários de seus pacientes tornaram-se seus amigos.

Além disso, o infectologista sempre teve uma atuação pública muito importante, fazendo diferença na forma de enfrentamento no combate de doenças infecciosas no Brasil. O médico estava na linha de frente quando começaram a surgir os primeiros casos de Aids no Brasil, na década de 1980, acompanhou toda a evolução da doença, era um dos primeiros a saber das novidades, seus benefícios e limites de aplicação. Também sempre exerceu uma postura muito crítica, baseada em argumentos sólidos e inteligentes, em relação às políticas públicas adotadas pelos sucessivos governos brasileiros em relação ao controle de enfermidades como a Aids e dengue, por exemplo. Foi um dos primeiros a alertar sobre a chegada do vírus chicungunya ao Brasil. No ano passado, mesmo doente, esteve na redação da Revista Istoé para participar de um debate com representantes do Ministério da Saúde sobre febre amarela. Foi um prazer ouvi-lo, sempre com abordagens interessantes, críticas, feitas com muito respeito.

Não havia assunto de sua seara do qual ele se esquivasse de falar. Artur não tinha medo de dizer verdades e por isso será também sempre lembrado: pela coragem de lutar sempre por um Brasil melhor. Conversar com ele era um privilégio. Sabia como poucos dos meandros das políticas públicas de saúde e tinha o dom de explicar para os leigos a complexidade das coisas médicas. A partida de Artur foi lamentada em todo o Brasil por aqueles que conheciam a importância do seu trabalho e a riqueza de sua personalidade. Foi um lamento sincero. Tão sincero que a fiel inteira silenciou no Itaquerão só para homenageá-lo.


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