O absurdo crime do médico anestesista que abusava de pacientes durante o parto

Reprodução
Foto: Reprodução

Na última segunda-feira, 11, o médico anestesista Giovanni Quintella Bezerra, 32, foi preso em flagrante pelo estupro de uma mulher grávida durante a realização de um parto no Hospital Estadual da Mulher Heloneida Studart, em São João do Meriti, no Rio de Janeiro. O monstruoso médico anestesista foi gravado pela equipe de enfermagem, por meio de um celular escondido, posicionado dentro de um armário, para conseguir filmar as ações de Bezerra.

A equipe médica já havia desconfiado da conduta do anestesista devido a dois partos anteriores ocorridos no mesmo dia, porém não haviam obtido êxito em conseguir provas, pois a filmagem não foi possível nos casos anteriores.

Nas imagens gravadas é possível ver o médico violentando a paciente. A equipe médica recolheu a gaze com material expelido pelo médico e que foi entregue à polícia. O setor de perícia da policia civil irá analisar o material biológico de Bezerra contido na gaze. O médico foi indiciado por estupro de vulnerável, cuja pena vai de 8 a 15 anos de prisão. Ele é suspeito de ter estuprado pelo menos outras quatro mulheres grávidas.

Entre as atitudes suspeitas de Bezerra estavam a realização de uma cabana improvisada para ocultar a visão da paciente do pescoço para cima. Além da sedação excessiva nas pacientes, o médico pedia para retirar os maridos das pacientes da sala de cirurgia.

Um dos membros da equipe de enfermagem descreveu em depoimento que Quintella “arrumava seu espaço de trabalho de forma a criar barreiras que impediam a visão de todos os outros profissionais ali presentes, e ainda sedava as pacientes com doses elevadas, deixando-as inconscientes durante os procedimentos cirúrgicos, tudo isso bem diferente de como atuavam outros médicos anestesistas”.

“O rapaz que dá anestesia mandou eu sair na metade. Eu não tinha visto nem a criança e minha esposa já tinha dormido”, relatou o marido quando chegou na delegacia. De acordo com o marido da suposta vítima, ele reconheceu Bezerra pela televisão. “Quando eu vi o caso na televisão, vi que era o médico da minh mulher. Senti muita raiva”, disse o marido.

Uma testemunha relatou que, em um dos partos, ocorreu um deslocamento da placa de bisturi, o que causa um alarme até que a placa seja recolocada novamente. No momento em que foi ajudar a solucionar esta situação, a auxiliar de enfermagem reparou que Bezerra estava próximo da cabeça da paciente com seu pênis rígido e ereto, por debaixo da roupa e tentou cobrir com seu casaco cirúrgico.

De acordo com o depoimento, quando um integrante da equipe questionou o médico sobre o uso excessivo de sedação ele respondeu de forma ríspida “Por quê? Você também quer?”

Uma das possíveis vítimas relatou a mãe que teve a sensação de ter sido abusada. “Mãe, acho que tive uma alucinação. Não é possível”, declarou a mãe da vítima em depoimento na delegacia. A mulher também declarou que a filha retornou suja do centro cirúrgico, no último dia 6 após ter sido atendida pelo anestesista. “Quando minha filha veio da mesa de cirurgia, ainda desacordada, ela veio suja. Percebi sobre o rosto e sobre o pescoço dela algumas casquinhas secas, brancas. Eu não sabia o que era. Achava que era algum medicamento que tinha entornado”, relatou.

O anestesista agiu em no mínimo 10 hospitais públicos e privados. Bezerra se formou em 2017 pelo Centro Universitário de Volta Redonda (UniFOA) e completou a especialização em anestesia no começo de abril.

Esnobe, postava fotos em suas redes sociais, com vestimentas das unidades de saúde e chegou a publicar: “Vocês ainda vão ouvir falar de mim, esperem”.

O escritório Novais Advogados Associados que representava Bezerra afirmou nesta terça-feira, 12, por intermédio de nota, que não irá continuar no caso.

“É estarrecedor, muito reprovável, é gravíssimo que um crime desse tipo seja praticado por um profissional que lida com mulheres, que estava trabalhando dentro de um hospital destinado a mulheres”, afirmou a delegada Barbará Lomba, responsável pelo caso. O Cremerj (Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro) abriu na última segunda-feira, 11, um processo para expulsar Bezerra.

O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL) se manifestou sobre o caso por meio de suas redes sociais. “Fiquei estarrecido ao saber do caso brutal do médico anestesista do Hospital da Mulher, em São João do Meriti, filmado estuprando uma paciente. Determinei que haja rigor e celeridade na apuração da denúncia gravíssima. O governo do RJ dará todo amparo e apoio necessários às vítimas”, afirmou Castro.

Na sociedade em que vivemos é inaceitável que um crime dessa proporção aconteça em um hospital destinado para mulheres e seja cometido por um profissional da saúde, onde elas se submetem a um total estado de vulnerabilidade e confiam totalmente nos profissionais daquele estabelecimento.

O crime deve ser punido com o total rigor da lei. O anestesista abusou da situação em que as suas vítimas se encontravam e usou de sua posição, como médico, para subjugar as mulheres, que, desacordadas, não tinham qualquer reação a tomar diante da perversidade do médico.