Tragédia
O abraço da morte

LINCON ZARBIETTI / O TEMPO / AGENCIA O GLOBO

Foi com esse gesto – que deveria ser fraterno – que o vigia Damião Soares dos Santos, 50 anos, ateou fogo ao próprio corpo e ao de crianças que estavam na creche Gente Inocente, na cidade de Janaúba, interior de Minas Gerais, na quinta-feira 5. O funcionário, que, segundo a polícia, tinha problemas mentais e era obcecado por menores, lançou combustível nos cômodos do centro educacional e trancou as portas para provocar o maior número de mortes. Dezenas de feridos foram encaminhados a hospitais de cidades vizinhas, que chegaram a adotar o protocolo de “catástrofe”. Em uma batalha contra o tempo, a professora Heley Batista lutou contra Damião para tentar salvar as crianças. Após ter 90% do corpo queimado, ela morreu na noite da tragédia. Damião também foi encaminhado ao Hospital Região de Janaúna ainda com vida, mas não resistiu. A cidade de 72 mil habitantes ficou perplexa com crime, mas ao mesmo tempo deixou lições de solidariedade. Hilda Rodrigues, avó de Luiz Davi Rodrigues, um dos que morreram, afirmou que se o autor do ataque tivesse sobrevivido, cuidaria dele. “Esse homem estava sofrendo demais para fazer tanta gente sofrer assim. Ele precisava de tratamento.” Damião estava afastado há um mês da escola por problemas de saúde, mas desde 2014 mantinha um tratamento psiquiátrico. A data do ataque marcava os três anos da morte do pai do vigia. À família, Damião afirmou que “daria um presente a todos se matando em breve.” Até a sexta-feira 6, foram registradas sete mortes. O horror desolou o País.

Falsificação
E agora, Lula?

O Ministério Público Federal disse, na sexta-feira 6, que os recibos de pagamento de aluguel da cobertura vizinha ao apartamento do ex-presidente Lula em São Bernardo do Campo “são ideologicamente falsos”. Os procuradores enviaram um documento ao juiz Sergio Moro declarando a existência de um “incidente de falsidade criminal” e pediram perícia nos recibos de Lula, todos falsificados. A fraude se configura como crime gravíssimo, comprovando que houve obstrução de Justiça.
O caso é passível de prisão.

STF
Programa de índio

O ministro do STF Alexandre de Moraes passou por uma situação cômica na quinta-feira 5. De terno e gravata, no próprio gabinete, dançou de braços entrelaçados com quatro índios e alguns assessores. Os indígenas entregaram para cada ministro da Corte um dossiê de 17 páginas apresentando a situação da reserva Raposa Serra do Sol, onde vivem, e reivindicando direitos à terra. Mesmo sem muito traquejo, Alexandre de Moraes publicou o vídeo da coreografia nas redes sociais.

JUSTIÇA
Tutti buona gente

O ex-militante de extrema-esquerda Cesare Battisti foi preso em Corumbá, cidade fronteiriça com a Bolívia, levando mais de R$ 10 mil em espécie sem declarar à Polícia Federal. O governo da Itália anunciou que vai tentar novamente obter a extradição de Battisti, condenado à prisão perpétua por quatro homicídios. O italiano só permanece no Brasil pela decisão do ex-presidente Lula, que, em 2009, negou a extradição do terrorista.

TEATRO
Adeus a Ruth Escobar

A atriz, empresária e produtora Ruth Escobar morreu aos 82 anos em São Paulo. A causa mortis não foi divulgada, mas Ruth sofria há uma década de Alzheimer. Era portuguesa e nunca abandonou o sotaque. Casou-se com o filósofo Carlos Henrique Escobar e se mudou para o Brasil, onde fundou o teatro Ruth Escobar no bairro da Bela Vista, até hoje um espaço de referência nas artes cênicas. Durante a ditadura no Brasil, atuou ao lado de Cacilda Becker (1921-1969) na defesa da liberdade de expressão e contra a censura. Nos anos 1990, elegeu-se deputada estadual. Seu último trabalho foi a produção de uma adaptação de “Os Lusíadas”, de Camões, para o palco, em 2001.

Facção criminosa
O túnel de um bilhão

Marco Ambrósio/Futura Press

Não era luz, era o montante de R$ 1 bilhão no fim do túnel que uma quadrilha presa em São Paulo buscava. Os 16 detidos pela Polícia Civil cavaram um trajeto de 600 metros de uma casa até o cofre da base de distribuição do Banco do Brasil, na zona sul de São Paulo. Cada integrante investiu R$ 200 mil naquele que seria o maior assalto a banco do mundo. Para a polícia, trata-se de uma quadrilha experiente. O líder do bando participou do roubo à transportadora Prosegur, no Paraguai, em abril deste ano. De lá, os bandidos levaram R$ 120 milhões.