O presidente dos EUA e candidato à reeleição pelo Partido Republicano, o conservador Donald Trump, visitou na semana passada a cidade de Kenosha, no estado de Wisconsin. Foi justamente em Kenosha que o jovem negro Jacob Blake recebeu sete tiros (pelas costas) de um policial branco, o que fez com que o local se tornasse palco de uma série de violentas manifestações antirracistas, nas quais morreram apoiadores da causa e também truculentos defensores da supremacia branca (Blake está hospitalizado e perdeu os movimentos da cintura para baixo). Ficou visível que Trump fez a tal visita apenas porque é candidato, mas, ainda assim, o seu preconceito com certeza lhe tirou pontos na corrida à Casa Branca: ele não criticou supremacistas que seguem assassinando em Kenosha e nem se desculpou por já ter dito que “policial branco matando negro é feito jogadores de golfe que ficam nervosos diante de uma jogada fácil”. Mais: Trump negou que exista racismo na polícia e chamou os manifestantes não brancos de terroristas. É tão arraigado e interiorizado o seu desprezo pelos negros que, mesmo quando precisa demagogicamente aparecer como alguém que sente empatia pelas vítimas negras dessa sangrenta guerra racial americana, ele não consegue dissimular e mentir. Isso faz de Donald Trump um político que merece elogios por ser autêntico? Não, claro que não! Essa autenticidade faz de Trump um homem extremamente mais perigoso ainda, não o torna em nada menos abominável. Por que? Porque ele é sincero naquilo que um ser humano pode ter de pior em sua personalidade: o preconceito.

US$ 300 milhões É quanto a campanha de Joe Biden  arrecadou no mês  passado. Quebrou  o recorde mensal em
arrecadação que  pertencia ao  ex-presidente Barack  Obama: US$ 193 milhões,  em setembro de 2008

“É como em uma partida de golfe. O jogador perde uma tacada de noventa centímetros” – Donald Trump, sobre policiais brancos que matam negros

Joe Biden pode perder para si próprio

OLIVIER DOULIERY

Um erro tático de Donald Trump em sua visita a Kenosha foi tentar jogar na conta de seu oponente democrata, Joe Biden, a responsabilidade pelo clima de radicalismo que tomou conta da cidade e de outros locais americanos. Os eleitores do Partido Democrata sabem que Biden é, paradoxalmente, o democrata mais conservador do planeta — o que pode levá-lo a perder as eleições. Se isso ocorrer, Biden perdeu para si próprio, não para Trump que odeia os negros.

JUSTIÇA
Para entender a saída de Dallagnol da Lava Jato

HEULER ANDREY

O procurador da República Deltan Dallagnol (foto) já não compõe a força-tarefa da Operação Lava Jato em Curitiba — desde 2014 ele era o coordenador. Dallagnol alegou razões particulares: a sua filha de um ano e dez meses, disse ele, está apresentando sinais de regressão que impedem o seu normal desenvolvimento. Não se está aqui, em hipótese alguma, questionando a declaração do procurador — e deseja-se bom tratamento e boa cura da criança. Mas há uma coincidência: horas depois de ele se afastar, o Conselho Superior do Ministério Público Federal prorrogou por mais doze meses a Lava Jato. E isso se dá no momento em que ocorria um embate entre a Procuradoria-Geral da República, chefiada por Augusto Aras, e o próprio Dallagnol. Em jogo estava a continuidade dos trabalhos da força-tarefa.

8 procuradores da Lava-Jato de São Paulo deixaram a força-tarefa por discordarem da coordenadora Viviane de Oliveira Martinez, que é alinhada com o Procurador-Geral da República, Augusto Aras.

Menos redes sociais

Divulgação

O procurador da República Alessandro Fernandes Oliveira (foto) é o novo coordenador da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba, substituindo Deltan Dallagnol. Disse ele referindo-se às redes sociais e ao seu antecessor: “Particularmente, sou um pouco mais reservado”.

CÂMARA
Botijão cheio ou vazio?

Quando se pensa que já se viu de tudo numa tribuna parlamentar, descobre-se que ainda não se viu quase nada. O deputado federal Pastor Sargento Isidório, na votação da nova lei do gás (que promete barateá-lo), discursou com um botijão no ombro direito. A pergunta de seus colegas é: o botijão estava cheio ou vazio?

Europa
Confirmado: O opositor de Putin foi envenenado

James Hill/The New York Yimes

Alexei Navalni, líder da oposição russa, foi envenenado por uma substância tóxica chamada novichok. Por quem? Ainda não se sabe. Alexei está hospitalizado na Alemanha e a chancelar Angela Merkel pediu uma urgente explicação para o caso. Resta pouca dúvida de que foi o presidente russo, Vladimir Putin, quem ordenou o ataque. Novichok é uma substância desenvolvida na Guerra Fria e só produzida na Rússia.

GOVERNO FEDERAL
A fala nociva de Bolsonaro

Palpite infeliz e nocivo à sociedade dado por Jair Bolsonaro. O mundo sabe que a única forma de derrotar o novo coronavírus é por meio de uma eficaz vacina. Pois em meio à essa pandemia, ele disse na semana passada que, “em nome da liberdade dos brasileiros”, ninguém será obrigado a se vacinar quando tivermos disponível esse recurso profilático. O momento da fala é também inadequado porque cresce, lamentavelmente, a teoria obscurantista de que vacinas prejudicam a saúde. Juntando-se a pandemia à essa tese, óbvio que a sua declaração dissemina confusão e pode induzir pessoas a não se vacinarem. Finalmente, outro absurdo: Bolsonaro contradisse em seu pronunciamento uma lei que ele assinou no início do ano recomendando a vacinação. A Secon tirou a bobagem do ar. Não adianta, muita gente já a tinha lido.