Coluna: Guilherme Amado, do PlatôBR

Carioca, Amado passou por várias publicações, como Correio Braziliense, O Globo, Veja, Época, Extra e Metrópoles. Em 2022, ele publicou o livro “Sem máscara — o governo Bolsonaro e a aposta pelo caos” (Companhia das Letras).

Nunes se aproxima do bolsonarismo enquanto aguarda STF para se livrar de investigação

Prefeito de São Paulo, Nunes tem um pedido nas mãos de Dias Toffoli para encerrar investigação da ‘máfia das creches’

Reprodução/YouTube Silas Malafaia
Foto: Reprodução/YouTube Silas Malafaia

Cotado como candidato ao governo de São Paulo em 2026, caso Tarcísio de Freitas dispute a Presidência, Ricardo Nunes intensificou nos últimos meses uma aproximação com o bolsonarismo — principal força política no estado, sobretudo no populoso interior paulista.

Depois de uma relação ambígua com Jair Bolsonaro na campanha municipal de 2024, Nunes foi à manifestação convocada pelo ex-presidente em favor da anistia, no começo do mês, na Avenida Paulista, e disse na ocasião que trabalharia para conseguir votos no MDB para aprovar a proposta que beneficia golpistas.

O prefeito paulistano também declarou recentemente que apoiaria e votaria em Bolsonaro se ele fosse candidato em 2026 e que “espera” isenção dos ministros do STF no julgamento do ex-presidente pela tentativa de golpe.

A intensificação do bolsonarismo de Nunes vem no momento em que ele aguarda uma decisão do STF, alvo preferencial de Jair Bolsonaro e de seus aliados, a respeito de um tema muito sensível ao prefeito: a investigação sobre a chamada “máfia das creches”.

Em 11 de fevereiro, a coluna revelou que o prefeito de São Paulo acionou o STF para derrubar o inquérito. O habeas corpus de Nunes tramita desde então em segredo de Justiça no gabinete de Dias Toffoli, que ainda não decidiu a respeito.

Ao STF, a defesa de Nunes pediu o trancamento da investigação. Os advogados alegam não haver indícios contra emedebista, além de o inquérito estar aberto há tempo excessivo. Não há prazo para que Toffoli decida.

Antes de acionar o Supremo, Nunes havia batido à porta do STJ, mas o ministro Rogério Schietti negou o pedido dele.

Em novembro de 2024, a 8ª Vara Federal Criminal de São Paulo autorizou que as suspeitas contra Nunes por supostos desvios de verbas da educação infantil fossem desmembradas do restante do inquérito, para que as investigações sobre ele continuassem.

A Polícia Federal já indiciou 116 pessoas na apuração, mas o emedebista não está entre elas. O caso começou a ser investigado em 2019 e levou à Operação Daycare, deflagrada em 2021 contra organizações sociais que administravam creches conveniadas à prefeitura de São Paulo.

As suspeitas contra o prefeito incluem supostos repasses de dinheiro feitos por uma das investigadas a uma conta pessoal dele e a uma empresa na qual são sócias a mulher de Nunes e uma de suas filhas. Ricardo Nunes era vereador à época dos fatos investigados. Ele nega qualquer irregularidade.