23/08/2024 - 13:41
Ricardo Nunes (MDB) ouviu uma bronca de Jair Bolsonaro (PL) no almoço de quarta-feira, 21, para realinhar bandeiras de campanha pela reeleição à prefeitura de São Paulo, conforme relatou uma fonte ao site IstoÉ sob condição de anonimato.
Em ligação, o ex-presidente cobrou o prefeito pela falta de adesão a bandeiras bolsonaristas e também reclamou do vídeo em que Nunes mostra apoio à candidata a vereadora Joice Hasselmann (Podemos), adversária de seu grupo político.
Bolsonaro deu a entender que deixaria mais claro seu distanciamento de Pablo Marçal (PRTB) em troca de um posicionamento mais firme do prefeito. Nunes e sua equipe se comprometeram a elevar o tom na campanha e fazer gestos em relação a pautas como armamentismo e ideologia de gênero, caras à extrema direita.
Desde então, o ex-presidente ironizou o candidato do PRTB nas redes sociais e disse que “falta caráter” a ele, enquanto Eduardo Bolsonaro (PL-SP) o associou ao crime organizado e publicou uma “exposição”, relembrando críticas do ex-coach a seu pai. Já Nunes foi mais duro em relação a Guilherme Boulos (PSOL) e sua atuação como líder do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto).
+Como Pablo Marçal avançou sobre eleitorado bolsonarista em São Paulo
Causa e efeito
A reunião aconteceu porque, mesmo antes da pesquisa Datafolha divulgada na quinta-feira, 22, que registrou um crescimento de Marçal (21%) e um recuo de Nunes (19%) nas intenções de voto, em especial entre os eleitores de Bolsonaro (grupo em que o ex-coach alcançou 44%, ante 29% do prefeito), pesquisas internas da campanha do emedebista identificavam o crescimento do adversário nessa fatia do eleitorado.
A campanha avaliou que o prefeito precisaria reagir para não perder mais votos para Marçal. Até então, segundo essa fonte, a estratégia de não “bolsonarizar” a campanha tinha como objetivo não arriscar eleitores de centro e das regiões mais pobres da capital.
Após a conversa com Bolsonaro, aliados de Nunes entenderam que o importante agora é “dosar o tom” nesses gestos. Já os aliados do ex-presidente ponderaram que ele não se aliaria a Marçal devido ao histórico complicado do candidato, que inclui envolvimento com golpes bancários e ligações de correligionários com o PCC (Primeiro Comando da Capital).
O site IstoÉ procurou a campanha de Nunes e um dos aliados de Bolsonaro que teriam participado da reunião para confirmar a conversa, mas não teve retorno até a publicação desta reportagem. O espaço segue aberto à manifestação.