Os quatro candidatos à prefeitura de São Paulo que têm direito ao horário eleitoral gratuito encerraram o primeiro dia das campanhas na televisão reforçando os principais pontos de suas estratégias para o pleito.

Líderes em tempo de tela, o prefeito Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos (PSOL) levaram seus padrinhos políticos (Jair Bolsonaro, do PL, e Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, respectivamente) ao horário nobre em graus diferentes, enquanto José Luiz Datena (PSDB) e Tabata Amaral (PSB) apostaram em críticas indiretas à atual gestão.

+Mais cedo: Nunes aposta em moderação, enquanto Boulos investe em ataques a adversários no primeiro dia de propaganda eleitoral

Veja abaixo quais foram as estratégias do segundo horário eleitoral gratuito na televisão, exibido das 20h30 às 20h40, período de altos índices de audiência nos canais abertos:

Ricardo Nunes (MDB)

“Prefeito da periferia”, como foi tratado pelo programa, Nunes buscou associar seu trabalho no Edifício Matarazzo à população mais pobre da capital paulista, exibindo também um de seus jingles, “Cria da periferia”. De acordo com fontes ligadas ao emedebista, a administração de Nunes é popular nas regiões periféricas da cidade e, por isso, a campanha evitou até aqui associar sua imagem diretamente à de Jair Bolsonaro, que tem índices de rejeição elevados nessa faixa do eleitorado.

Mas o avanço de Pablo Marçal (PRTB, sem tempo de televisão) entre os eleitores paulistanos do ex-presidente mobilizou o prefeito a dedicar parte de seus seis minutos e meio no ar a um aceno conservador ao apresentar sua família no programa. Nunes ainda exibiu brevemente imagens ao lado de Bolsonaro, do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), do ex-prefeito Bruno Covas (PSDB, morto em 2021), de quem era vice, e de seu filho Tomás Covas.

José Luiz Datena (PSDB)

Com número reduzido de agendas de rua e demonstrando pouco otimismo com o pleito, Datena utilizou seus 35 segundos de televisão para prometer combate à criminalidade e contar com a “ajuda de deus” para se eleger.

O tucano ainda exibiu um trecho de sua visita ao Mercado Municipal para mirar na gestão de Ricardo Nunes, adversário que chegou a afirmar que seria “preso”, em que se compromete a “limpar” a prefeitura. “Os vagabundos vão sair fora”, diz Datena no trecho.

Tabata Amaral (PSB)

Segunda candidata da noite a se associar à periferia da cidade no horário eleitoral, a deputada não repetiu a estratégia agressiva que vem adotando nas redes sociais e preferiu destacar as diferenças de expectativa de vida entre bairros nobres e pobres da capital — Jardim Europa e Anhanguera — para relacionar o atual prefeito e seus antecessores no cargo à falta de preocupação com a população periférica. “Prefeitos de São Paulo geralmente vem dos bairros nobres, não das áreas pobres. Vim da periferia e é pela periferia que quero ser prefeita”, disse Tabata.

Guilherme Boulos (PSOL)

Como fez na primeira propaganda, Boulos recebeu o presidente Lula e a primeira-dama, Janja da Silva, em sua casa, em estratégia para se associar diretamente ao líder petista. Mas o candidato ainda encontrou espaço para investir em outro dos motes da campanha: a suavização da própria imagem.

No segundo bloco do programa, exibiu depoimentos do pai, da mãe, da esposa e da avó. Os familiares destacaram a sensibilidade social demonstrada por Boulos desde a juventude, quando deixou os privilégios do próprio lar para se dedicar ao ativismo no MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto).