06/10/2024 - 23:05
Ricardo Nunes (MDB), candidato à reeleição, e o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL) disputarão segundo turno em São Paulo.
Com 100% das urnas apuradas pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Nunes teve 29,48 % contra 29,07% de Boulos. Em terceiro, Marçal somou 28,14% dos votos.
O emedebista e o psolista desbancaram a surpresa da eleição: o ex-coach Pablo Marçal (PRTB), que passou de outsider para uma dor de cabeça para a dupla. Ele ficou em terceiro na disputa, seguido de Tabata Amaral (PSB), José Luiz Datena (PSDB) e Marina Helena (Novo).
Apoiado por Lula, Boulos conseguiu consolidar sua base de eleitores ainda na eleição de 2020, quando foi ao segundo turno na disputa municipal com Bruno Covas (PSDB), morto em 2020. Na época, o candidato do PSOL surpreendeu e obteve 40,6% dos votos válidos.
Para conseguir se colocar como líder da esquerda no pleito, Guilherme Boulos precisou abdicar da candidatura ao governo do estado em 2022 em prol de Fernando Haddad (PT). Após a articulação com Lula, o psolista se contentou com o cargo de deputado federal, sendo eleito com 1,01 milhão de votos, a maior votação para o estado de São Paulo.
Durante a campanha, no entanto, enfrentou resistências do próprio Lula em aparecer na sua candidatura. O petista participou de apenas três atos públicos em pouco mais de um mês e meio de disputa, além de gravar apenas duas vezes para os programas de rádio e TV do psolista.
Sem a participação total de Lula, Boulos apelou à estratégia de atrelar sua imagem à do petista, conseguir associar seus adversários ao bolsonarismo e exaltar os feitos de petistas para atrair os eleitores. Ataques a Ricardo Nunes e Pablo Marçal também estiveram no roteiro, citando condenações ou investigações criminais, criticando ações da prefeitura e rebatendo acusações dos adversários.
Nunes também contou com um apoio de peso no primeiro turno. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), foi o principal financiador de sua campanha. Organizou, articulou e participou ativamente do começo ao fim da campanha.
Foi Tarcísio o responsável pela articulação de apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) à candidatura do prefeito. Ele ainda foi quem anunciou o vice do emedebista, o ex-diretor da Ceagesp e coronel da Rondas Ostensivas Tobias Aguiar (ROTA) Ricardo Mello Araújo.
Na campanha, Nunes focou em mostrar os programas realizados em sua gestão, herdada de Covas, que deixou o posto em março de 2021 para tratar um câncer, mas não resistiu e morreu três meses depois. Ele ainda precisou desviar das acusações de participar de um esquema de desvio de dinheiro de creches municipais, além de um boletim de ocorrência por violência doméstica contra a mulher, Regina Nunes.
Ricardo também investiu em ataques. Inicialmente, sua mira era apontada a Boulos, mas precisou mudar o percurso quando viu seus votos serem divididos com Marçal. O emedebista chegou a divulgar peças publicitárias contra o ex-coach durante a propaganda eleitoral para derreter os adversários e conseguir herdar os votos dos bolsonaristas.
Assim como Boulos, o candidato à reeleição não teve uma participação ativa de Bolsonaro na sua campanha. Entretanto, ao contrário do psolista, o próprio Nunes não fez questão do ex-presidente e chegou a colocá-lo em “banho-maria” em diversas oportunidades.
Boulos e Ricardo Nunes devem reeditar a disputa presidencial de 2022 entre Lula e Bolsonaro em São Paulo neste segundo turno. As duas campanhas, inclusive, esperam maior participação de ambos os líderes políticos na reta final das eleições.
Guilherme Boulos e Nunes já retomam suas campanhas ainda nesta segunda-feira, 7. A propaganda eleitoral de rádio e TV também deve ser retomada nesta semana.