BRASÍLIA, 10 JUN (ANSA) – Interrogado nesta terça-feira (10) no Supremo Tribunal Federal (STF), em Brasília, o ex-presidente Jair Bolsonaro negou que tenha participado de qualquer tentativa de golpe de Estado, além de confirmar que o assunto nunca foi cogitado durante seu governo.
“Nunca se falou em golpe, golpe é uma coisa abominável. O Brasil não poderia passar por isso, não foi sequer cogitada essa hipótese de golpe no meu governo”, declarou o ex-mandatário após ser questionado pelo ministro Alexandre de Moraes, relator do caso.
O ex-mandatário garantiu que “nunca fugiu das quatro linhas da Constituição” e acrescentou que o dia seguinte de um possível golpe “seria imprevisível e danoso para todo mundo”.
“Golpe? Eu fico até arrepiado quando se fala que o 8 de janeiro foi um golpe. Quem realmente fez, foi embora. Aquilo não é golpe, não foi encontrada uma arma de fogo junto àquelas pessoas. Não tinha clima, não tinha base minimamente sólida para fazer tal coisa”, afirmou, acrescentando que existem “malucos” que pedem por uma intervenção militar.
Durante sua fala, Bolsonaro negou que o almirante Almir Garnier, um dos réus e ouvido por Moraes hoje (10), tenha colocado tropas à sua disposição, mas admitiu que teve conversas para encontrar uma alternativa “constitucional” para “alcançar o objetivo que não foi atingido no Tribunal Superior Eleitoral (TSE)”.
Após fazer ataques sem provas ao sistema eleitoral eletrônico e ter dito que as acusações contra ele “não procedem”, Bolsonaro revelou que não passou a faixa para seu sucessor, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), para não sofrer a “maior vaia da história” do país.
Um dos oito réus do chamado “núcleo crucial” da trama golpista, o ex-mandatário é acusado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) de ser uma figura central do grupo que buscou romper ordem democrática. (ANSA).