06/05/2019 - 18:12
O atacante peruano do Inter de Porto Alegre, Paolo Guerrero, reafirmou sua inocência no caso de doping que provocou sua suspensão de 14 meses após a revelação de que teria sido vítima acidental de uma “contaminação cruzada” com um chá de coca em um hotel de Lima onde a seleção do Peru ficou hospedada em 2017.
“Eu sempre agi com a verdade, nunca menti. Não sei por que não acreditaram apesar de eu ter apresentado provas” para a Fifa, declarou Guerrero na noite de domingo no programa ‘Cuarto Poder’ da rede América Televisión.
Segundo dois ex-funcionários do hotel, Guerrero teria sido vítima acidental de uma “contaminação cruzada” com chá de coca, a folha de uma planta cultivada nos Andes do Peru e da Bolívia, e matéria-prima da cocaína.
“A água (do chá) já veio contaminada diretamente, então eu não tive nenhuma culpa. O TAS (Tribunal de Arbitragem Desportivo) me culpa dizendo que eu fui negligente, que precisei comprovar que era um chá e não um mate de coca”, disse o atacante.
O hotel “impediu que esta verdade se tornasse conhecida e foi mentindo e ameaçando seus funcionários”, acrescentou Guerrero em Buenos Aires, onde está com o Inter, para enfrentar na terça o River Plate pela Copa Libertadores.
O caso veio à tona em 2017 durante as eliminatórias para a Copa do Mundo da Rússia de 2018, mas o Swissotel de Lima negou as versões de seus ex-funcionários, garantindo em um comunicado que eles “buscam prejudicar a reputação” do estabelecimento e que divulgou “informação verdadeira e oportuna a todas as entidades” que a pediram.
Habilitado pela Justiça suíça para disputar o Mundial-2018, Guerrero, de 35 anos, precisou cumprir o resto da suspensão imposta pelo TAS após a Copa na Rússia, após testar positivo para um metabólito da cocaína depois de um jogo entre Peru e Argentina, no dia 5 de outubro de 2017 em Buenos Aires, pela eliminatória sul-americana.
“O dano psicológico e moral não tem preço”, disse o maior artilheiro da seleção peruano com 35 gols.
– As revelações –
Em outro programa dominical, os ex-funcionários Luis Escate e Anthony Obando disseram que Guerrero foi “contaminado acidentalmente” ao consumir um chá de limão, porque o hotel não cumpriu os protocolos de limpeza da louça.
Após os depoimentos dos dois ex-funcionários, a promotoria disse no Twitter que “analisará imediatamente (a possibilidade de) abrir uma nova investigação dos fatos”.
Além disso, o advogado de Guerrero, Fernando Silva, disse que vai abrir um processo civil por danos e prejuízos contra o hotel.
Mas o advogado do Swissotel, Enrique Ghersi, insistiu que o estabelecimento não tem responsabilidade no caso de Guerrero.
“Não temos nada a ocultar, lamentamos profundamente que tenham havido idas e vindas, versões contraditórias e, em nossa concepção, lamentavelmente inexatas dos fatos”, disse Ghersi.
O ‘Depredador’ Guerrero entrou com uma ação em julho de 2018 contra o hotel pelos crimes de “violação do segredo profissional e falsidade ideológica”, causa que segue tramitando na justiça peruana.
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