‘Nunca havia sido tão grave’: Jamaica avalia estragos causados por furacão

'Nunca havia sido tão grave': Jamaica avalia estragos causados por furacão

Uma igreja demolida, telhados arrancados, janelas destruídas e ruas cobertas de escombros: o furacão Melissa atingiu comunidades costeiras no sudoeste da Jamaica, que têm pela frente, agora, um longo processo de recuperação.

“Foi devastador”, descreveu à AFP o policial Warrell Nicholson, da delegacia de Black River, um prédio que, embora tenha sofrido danos, abriga quem busca proteção.

Imagens da região mostram árvores derrubadas, carros destruídos, linhas de energia danificadas e casas em ruínas, um retrato dos destroços que somente agora começa a ser revelado, uma vez que a falta de energia e a interrupção da comunicação na ilha caribenha dificultava a avaliação.

O furacão Melissa atingiu a Jamaica como um fenômeno com ventos sustentados de 295 km/h e tempestades que arrasaram o país.

Um pouco acima da costa de Black River, Andrew Moncure refugiou-se com a mulher e o filho de 20 meses no térreo de seu hotel de luxo, em Bluefilds. Não foi seu primeiro furacão, mas “nunca havia sido tão grave”, disse à AFP.

“Foi a experiência mais aterrorizante, principalmente com meu filho. A pressão é tão baixa que mal dá para respirar, e soa como um trem de carga vindo na sua direção”, descreveu Moncure, com a voz ainda trêmula.

Apesar de o telhado da cozinha do hotel ter sido arrancado, o empresário contou que eles estão fazendo todo o possível para preparar e distribuir alimentos aos moradores, antes que a situação piore. “Vai ser um longo caminho de recuperação.”

– ‘Tudo perdido’ –

Em Seaford Town, o restaurante de Christopher Hacker nas colinas do oeste da Jamaica foi destruído: “Foi tudo perdido”, disse à AFP.

Hacker também é agricultor, e compartilhou imagens de suas plantações de banana arruinadas: “Vai levar muito tempo para recuperar isso.”

O primeiro-ministro da Jamaica, Andrew Holness, declarou a ilha turística “área de desastre” após a passagem do furacão, que igualou o recorde de 1935 como tempestade mais intensa que já tocou a terra.

Setenta por cento do país está sem energia elétrica: em Bluefields, Houston Moncure contou que uma caminhonete está sendo usada para carregar baterias e um minikit de internet portátil.

“Nosso gerador foi atingido por uma árvore. Não há comunicação. Só tenho Starlink nesta área”, explicou, descrevendo a situação como “catastrófica”. “Estamos tentando hoje cuidar das pessoas que estão aqui e de nós mesmos.”

O furacão deixou a Jamaica na tarde de ontem, mas as chuvas persistiam e a população continuava lidando com casas alagadas, ruas bloqueadas e danos generalizados à infraestrutura.

O ministro jamaicano responsável pela coordenação da resposta à emergência, Desmond McKenzie, informou que a destruição em massa havia atingido hospitais.

Em meio à devastação, no entanto, há luz: três bebês nasceram durante a tempestade, destacou o ministro. “Somos um grande país. Apesar dos desafios, vamos superar as adversidades.”