Com cerca de 30 anos de carreira, o cantor Belo sempre figurou entre os principais nomes do pagode nacional, mas engana-se quem acredita que ele se defina como um artista de um único estilo musical.

“Eu sempre fui um artista muito eclético, que ouvia de tudo um pouco. E o romantismo faz parte da minha história, antes até mesmo do Soweto [grupo de pagode que o projetou nacionalmente]. Eu amo o samba, fiz sucesso com o samba e o pagode, mas eu gosto de me definir mesmo como um cantor romântico, sem um gênero musical específico”, afirma o cantor.

Para mostrar o quão híbrido é, Belo lança nesta sexta-feira (01) sua nova música de trabalho: “Sonho Por Sonho”, sucesso que conquistou fãs em todo o País na voz da dupla sertaneja Leandro e Leonardo, e tem autoria de Zé Augusto. O hit foi gravado durante a apresentação ‘Belo In Concert’, realizado em São Paulo, no mês de julho deste ano.

Em entrevista exclusiva à ISTOÉ GENTE, Belo fala sobre a paixão pela música, a escolha de seu novo hit de trabalho, o processo de maturação que o levou a tomar coragem para tocar piano pela primeira vez em um show e também faz uma breve análise dos motivos que o levaram a conquistar diversos fãs Brasil afora.

Confira:

ISTOÉ GENTE: Por que você decidiu regravar “Sonho Por Sonho”?
Belo: Eu sou de uma época dos anos 1990, que é uma época que surgiram vários artistas de muitos segmentos diferentes. E eu cresci ouvindo música sertaneja porque meu pai ouvia muito sertanejo, enquanto minha mãe era mais do samba. Então eu gosto muito da música popular brasileira (MPB), e sou um artista que tem muito MPB e muito sertanejo na veia, além, é claro do samba. Então eu sou bastante eclético. E aí o Zé Augusto [autor de “Sonho Por Sonho”] sempre foi muito presente na minha vida e ele faz parte do meu novo projeto ‘Belo in Concert’. Nos meus shows eu já canto muitas música minhas e também do Soweto e em determinados momentos eu quero cantar músicas de outras pessoas que fizeram parte da minha vida e da minha história também. São canções [como “Sonho por Sonho”] que remetem à minha infância, aos meus pais, ao início da minha carreira e tantos outros momentos da minha vida. Foi por esse motivo que eu escolhi esta canção para regravar para o meu público.

IG: Como acontece o processo de regravação de uma música de outro artista?
B: Eu acho que primeiro vem a empatia com o outro artista, o carinho e o respeito. Eu mostrei a música pro Zé, cantada no ‘Belo in Concert’, e quando ele retribuiu o carinho eu vi uma possibilidade pra relançar essa música, que é muito conhecida, para o meu público, e também mostrar que eu tenho um carinho enorme por essa canção. E a partir desses contatos com artistas de outros segmentos também a gente vai conseguindo fazer parcerias com outros cantores que possuem um público diferente do meu.

IG: Após o ‘Belo in Concert’, em julho, você compartilhou em suas redes sociais que pela primeira vez tocou piano em um show, mesmo sendo um instrumento que você já tocava há algum tempo, mas nunca se sentiu confortável para apresentar ao público. O que te fez se sentir pronto para isso?
B:  Eu sempre quero entregar muito mais para o meu público. Eu sou um artista que está há 30 anos no mercado, e sempre trabalhando em alto nível, fazendo uma média de 20 shows por mês. E aí a pandemia me fez enxergar um lado musical que estava escondido. Porque quando você tá trabalhando, você está na estrada, você tem um repertório e vai inserindo poucas coisas nos shows. E aí na pandemia eu tirei um tempo para estudar piano porque é um instrumento muito complexo de harmonia. Apesar de eu tocar o violão e cavaquinho, eu conheço um pouco de harmonia, mas o piano ele é um instrumento extremamente complexo, ele é muito diferente de tudo, e aí eu não me sentia seguro de passar isso para o meu público porque eu estava começando, eu era um estudante. De repente eu comecei a querer dividir esse presente com meu público e felizmente deu super certo.

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IG: Existe algum outro instrumento ou alguma outra coisa que você sempre quis fazer em shows, mas ainda não apresentou ao grande público?
B: Eu tenho um grande sonho de fazer apresentações apenas no piano e voz, que é algo que eu acho divino.

IG: Por que você acredita que faz tanto sucesso e se tornou um dos maiores nomes da história do pagode? O que você fez/faz de diferente ao longo da carreira pra ser tão querido assim?
B: Eu não tenho 100% de certeza, mas eu tenho quase certeza que é porque eu coloco muita verdade em quem eu sou, nas minhas canções, na minha forma de pensar e agir. Eu vivo aquilo que estou fazendo. Eu nunca fiz música por dinheiro, nem nunca almejei ter uma qualidade de vida melhor pela música, eu sempre fiz música simplesmente porque é a minha paixão. Quando eu pego meu cavaquinho lá com 11 anos de idade e meu pai ensina os primeiros acordes, aquilo vira uma paixão. O que eu sinto quando estou cantando e fazendo show é algo inexplicável. E é com isso que eu imponho a minha verdade para o meu público.

IG: Há alguns dias você e a Gracyanne viraram meme após ela divulgar um print de uma conversa entre vocês. Você de fato é o mais carinhoso e apaixonado da relação ou calhou daquele momento ela mostrar algo diferente?
B: Aquilo foi uma brincadeira. Mas eu sempre fui muito romântico mesmo. Às vezes a Gracyanne me questiona se eu acho que ela é romântica e de fato ela é, mas ela tem um outro jeito de falar e demonstrar. Agora eu até brinco com ela que ela não pode me deixar no vácuo que eu falo que a amo porque senão a gente pode virar meme de novo.

“Eu estou aprendendo”, brincou Gracyanne que participou da resposta de Belo.

IG: O que podemos esperar do Belo para os próximos meses? Há novas regravações por aí?
B: Eu estou com diversos lançamentos para sair. Hoje sai “Sonho Por Sonho”, dia 15 deste mês já tem outro lançamento, em novembro mais uma música e assim seguimos. Além, é claro, de seguir o ‘Belo in Concert’ em diversas outras cidades do Brasil.