Os números do Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre não são tão bons quanto parecem, segundo análise da consultoria britânica Capital Economics. Em relatório, o economista-chefe para mercados emergentes, Neil Shearing, aponta que no primeiro trimestre houve um salto nos gastos do governo, mas com a expectativa de aperto fiscal mais forte nos próximos meses, isso não deve se repetir.

A Capital Economics aponta que a queda de 0,3% no PIB, na margem, foi melhor do que a mediana das projeções (-0,8%) e mostra um avanço acentuado em relação ao ritmo médio de queda de 1,2% ao longo dos quatro trimestres de 2015. “Essa é a primeira boa notícia para o presidente interino Michel Temer. O problema é que a abertura das contribuições para o PIB ainda revela fraqueza extrema em setores importantes da economia”, diz o texto.

O relatório aponta que os gastos dos consumidores caíram 1,7%, na margem, e que com a atual deterioração no mercado de trabalho e nas condições de crédito, há pouca esperança de uma reversão dessa tendência no curto prazo. Já os investimentos recuaram 2,7%, uma melhora em relação à contração de 4,8% no trimestre anterior, mas ainda assim suficiente para tirar quase 0,5 ponto porcentual do resultado final do PIB.

“Nós continuamos a esperar que as exportações sigam contribuindo positivamente ao longo de 2016, enquanto os investimentos devem se estabilizar. Mas os gastos dos consumidores e do governo continuarão sob pressão”, diz a consultoria. “A segunda metade do ano deve registrar alguma estabilização no crescimento trimestral do PIB, mas qualquer recuperação – quando realmente vier – será excepcionalmente fraca e frágil”.