A Organização Mundial da Saúde (OMS) manifestou preocupação com o número de pacientes famintos que suas equipes encontraram em vários hospitais de Gaza durante o fim de semana.

No sábado (23), uma missão liderada pela OMS visitou hospitais na cidade de Gaza e entregou mais de 19.000 litros de combustível ao hospital de Al Shifa, o maior do território palestino e que foi sitiado pelo Exército israelense em novembro, anunciou o diretor-geral da instituição, Tedros Adhanom Ghebreyesus, em mensagem publicada na rede X no domingo à noite.

Os membros da missão comprovaram “um desespero crescente devido à fome”, disse Tedros, que defendeu “um aumento imediato (da entrega) de alimentos e de água para garantir a saúde e a estabilidade da população”.

Segundo ele, “os combates incessantes e o grande número de feridos colocaram as capacidades (do hospital Al Shifa) de joelhos”.

Nessas condições, completa Tedros, o estabelecimento pode prestar apenas “os primeiros socorros mais básicos”.

Israel prometeu destruir o Hamas, após um ataque sem precedentes ao seu território em 7 de outubro, que deixou cerca de 1.140 mortos, a maioria civis, segundo o último relatório oficial israelense. Os combatentes palestinos também sequestraram cerca de 250 pessoas, 129 das quais continuam retidas em Gaza, de acordo com Israel.

Já os bombardeios israelenses na Faixa de Gaza, onde milhares de bombas foram lançadas, deixaram 20.400 mortos, a maioria mulheres, adolescentes e crianças, conforme balanço divulgado pelo Hamas.

Sean Casey, membro da missão da OMS, disse que as salas cirúrgicas estão sobrecarregadas no hospital Al Shifa. Afirmou, ainda, que não foi possível avaliar o funcionamento dessas salas, “porque tem gente dentro e não abrem a porta”.

“Todas as pessoas, com as quais falamos, passam fome”, acrescenta, em um vídeo filmado no hospital Al Shifa e publicado na rede X.

“Existe risco de fome”, adverte ele.

O chefe da OMS também relatou que residentes desesperados pegaram ajuda alimentar de um caminhão que se dirigia para o hospital.

“Neste contexto de grave escassez de alimentos, a busca por comida (…) leva alguns, desesperados, a pegar comida dos caminhões de entrega”, escreve Tedros.

As equipes da OMS também visitaram as maternidades de Al-Sahaba e Al-Helou. Ambas registram até 35 nascimentos por dia, em um contexto de escassez de alimentos, água, oxigênio, antibióticos e anestésicos, assim como de combustível para acionar os geradores .

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