Parece que desta vez Bolsonaro acertou. Nomeou para o Ministério das Comunicações o deputado Fábio Faria, que pode não ser do ramo, mas vive o mundo das comunicações de perto. Afinal, é casado com Patrícia Abravanel, filha do maior comunicador do Brasil, Silvio Santos. Político com grande prestígio na Câmara, Faria reúne condições para mudar a truculenta estrutura de comunicações posta em prática, até aqui, pelo autoritário Fábio Wajngarten, chefe da extinta Secom. Wajngarten continuará auxiliando Faria, mas não terá mais o poder totalitário que tinha. Faria, certamente, democratizará o setor da comunicação, sobretudo se seguir os passos de seu antecessor no ministério no governo Temer, Gilberto Kassab, presidente nacional do PSD, partido ao qual pertence.

Influente

Fábio Faria assumirá um ministério poderoso. Comandará um orçamento de R$ 2,3 bilhões e terá oito estatais sob seu guarda-chuva, como os Correios, Telebrás e a EBC. Sem contar que passará a administrar as verbas de publicidade do governo, estimadas em mais de R$ 200 milhões, além do dinheiro da propaganda da Petrobras, Caixa, BB, entre outras.

Ciúmes

A nomeação de Faria, contudo, está despertando ciumeira nos demais partidos do Centrão, que agora apoia Bolsonaro. O PP, de Ciro Nogueira, que só pegou secretarias e estatais, quer um ministério para chamar de seu. Já
o Republicanos, do deputado Marcos Pereira, sonha em ter de volta o Ministério da Indústria e Comércio. Quem
não chora não mama.

Com a corda no pescoço

Divulgação

O governador Wilson Witzel, do Rio, está desesperado. A Assembleia fluminense aprovou a abertura do seu impeachment por 69 a 0 e agora ele tenta recompor uma base parlamentar mínima para não ser cassado. Para quem está com apoio “zero”, terá que vender a alma. Até de Bolsonaro ele impolora ajuda. E, isso, depois de ter fustigado o mandatário, lançando-se precocemente candidato a presidente.

Rápidas

* O governador João Doria faz o caminho inverso de Boslonaro, que só fala mal dos chineses. Doria se associou à empresa chinesa Sinovac para produzir uma vacina contra a Covid em São Paulo. A vacina, que começa a ser testada agora, estará no mercado até junho de 21.

* Já Bolsonaro provoca distúrbios nos hospitais que tratam doentes da Covid. Depois que mandou seguidores filmarem hospitais para ver se os leitos estavam ocupados, um grupo de vândalos invadiu um hospital no Rio.

* Intensifica-se a guerra pelo 5G no Brasil. Os chineses querem vender a tecnologia ao Brasil, mas o embaixador dos EUA em Brasília, Todd Champan, está jogando pesado: os EUA querem financiar a infraestrutura do negócio.

* Joice Hasselmann está sofrendo retaliações dos bolsonaristas acusados por ela de disseminarem fake news. Após tirá-la da liderança do PSL, os aliados do presidente querem impedi-la de assumir a Secom da Câmara.

Retrato falado

“Nós não somos mais uma república de bananas” (Crédito: Kleyton Amorim)

Em live na ISTOÉ na sexta-feira, 12, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Roberto Barroso, atual presidente do TSE, disse não acreditar que o Brasil corra o risco de uma ruptura institucional e que só quer a volta dos militares quem não sabe o que foi a truculenta ditadura após 1968. “Nós não somos mais uma república de bananas. Somos uma democracia que amadureceu e superou os tempos do atraso”, disse o ministro, um dos mais sensatos da Suprema Corte.

Os três patetas

Os três patetas do governo são muitos. Mas, ficaremos nos principais. Bolsonaro editou uma MP para Weintraub nomear reitores biônicos para as universidades, desrespeitando a Constituição. O Senado devolveu a MP e o presidente voltou atrás. Bastaria ter consultado os advogados da União para evitar o pastelão. O ministro é aquele que faz piadas racistas com chineses e diz que os ministros do STF são bandidos. Damares excluiu dados sobre a violência policial do relatório anual de seu ministério, numa medida considerada “descabida” pela Procuradoria da República. A ministra é aquela que quer prender governadores, mas quando o bicho pega sobe na goiabeira.

Zé Carioca

Já o empresário Luciano Hang, o maior financiador dos robôs bolsonaristas, segundo investiga o STF, sonegou R$ 2,4 milhões do Fisco e está em maus lençóis. Em 2003, havia feito o mesmo e foi condenado a 3 anos de prisão. O guru, por sua vez, deve R$ 2,8 mihões a Caetano Veloso e não sabe como pagar.

Toma lá dá cá

Senador Major Olimpio (Crédito:GABRIEL REIS)

O senhor era amigo de Bolsonaro. Por que romperam?
No dia 20 de agosto de 2019, eu discutia ao telefone com o senador Flávio, por conta da CPI da Lava Toga. Ele queria que eu retirasse a assinatura da CPI. O presidente tomou o telefone da mão do filho e me falou impropérios. Eu lhe
disse outros e nunca mais falamos.

O presidente queria proteger o filho de ações no STF?
Claramente. Cinco dias antes, Bolsonaro me pediu que eu saísse do grupo Muda Senado, pois eles queriam prejudicar o Flávio. De repente, começou a falar mal do Moro, dizendo que ele era “cintura de aço”, não queria demitir o superintendente da PF no Rio. Bolsonaro tinha ciúmes de Moro, porque o ministro era mais popular do que ele.

Panela de pressão

O presidente nacional do PSDB, Bruno Araújo, passa por maus bocados. Como vinha tomando posições dúbias quanto a Bolsonaro, foi pressionado pelos principais líderes do partido, como o governador João Doria, a declarar que o PSDB não apoia o governo. Teve que sair do muro e, no sábado, divulgou nota oficial: “o caminho do PSDB é a oposição”.

Marcello Casal Jr/Agência Brasil

FHC deu o tom

Além de João Doria, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, presidente de honra do PSDB, vinha fazendo duras críticas ao presidente Bolsonaro, sobretudo por sua postura autoritária e de falta de liderança demonstrada neste momento de crise pandêmica. Bruno Araújo tem se mostrado desafinado com a base tucana, que repudia o governo.

Pedala Mourão

Ueslei Marcelino

O vice-presidente, general Hamilton Mourão, quer mesmo se manter em boa forma física. Além de pedalar por Brasília e andar a cavalo nos finais de semana, agora quer se exercitar em casa. Mandou comprar uma esteira ergométrica para o Palácio do Jaburu, com dinheiro público, pela bagatela de R$ 44 mil.