A China iniciou no ano passado a construção de numerosas usinas de carvão que ameaçam o objetivo de alcançar seu pico de emissões de gases do efeito estufa em 2030, segundo um relatório publicado nesta quinta-feira (13, data local).
A segunda maior economia do mundo é o país com mais emissões de gases poluentes do planeta, mas também uma potência em energias renováveis que quer alcançar a neutralidade de carbono em 2060.
Durante décadas, o carvão tem sido uma fonte de energia fundamental para a China, mas a rápida proliferação de usinas solares e eólicas trouxe esperança de que o país poderia prescindir do poluente combustível fóssil.
Contudo, segundo o relatório do Centro de Pesquisa de Energia e Ar Limpo (CREA, na sigla em inglês) na Finlândia e do Monitor de Energia Global (GEM, na sigla em inglês) americano, a China iniciou em 2024 a construção de usinas a carvão com capacidade de 94,5 gigawatts, o que representa 93% dos novos projetos a nível mundial.
Embora também tenha acrescentado um recorde de 365 gigawatts de capacidade eólica e solar (4,5 vezes mais que a União Europeia), a retomada do carvão ameaça consolidar seu papel no mix energético da China, afirmam seus autores.
“A rápida expansão da energia renovável na China tem potencial para remodelar seu sistema energético, mas esta oportunidade se vê dificultada pela expansão simultânea e em larga escala da energia procedente do carvão”, disse Qi Qin, autor principal do relatório e analista de China no CREA.
Este aumento contradiz o chamado de 2021 do presidente Xi Jinping para “controlar estritamente” o aumento do consumo de carvão e para começar a abandoná-lo entre 2026 e 2030.
Em contraste, a produção de carvão cresceu de forma constante, de 3,9 bilhões de toneladas em 2020 para 4,8 bilhões em 2024.
As licenças para novos projetos de carvão caíram 83% no primeiro semestre de 2024, mas foram retomadas com força na segunda metade do ano, apesar do crescimento das energias limpas permitir cobrir o aumento da demanda por eletricidade.
“As companhias mineradoras estão promovendo e construindo novas usinas de carvão para além do que é necessário”, criticou Christine Shearer, analista no GEM.
O país deve anunciar nos próximos meses seu 15º plano quinquenal (2026-2030) que provavelmente incluirá seus objetivos atualizados de emissões e consumo energético.
Este mês, a China também deve enviar suas novas metas de emissões no âmbito dos Acordos do Clima de Paris de 2015. Até agora, apenas alguns poucos países o fizeram.