A privação de sono é um dos grandes males modernos. Só no Brasil, mais de 70 milhões de pessoas enfrentam problemas para dormir, segundo a Associação Brasileira do Sono (ABS), com consequências negativas nos níveis individual e coletivo.
Dormir mal tem efeitos graves sobre a saúde física e mental. A curto prazo, gera cansaço, problemas de memória, desatenção e irritabilidade. A longo prazo, contribui para o desenvolvimento de doenças crônicas, como obesidade, diabetes e problemas cardiovasculares, além de depressão e ansiedade.
As recomendações para se dormir melhor são bem conhecidas. Redução de estímulos do ambiente, exercícios físicos durante o dia e consumo de alimentos mais leves são exemplos. Mas, no ritmo acelerado da vida moderna, nem sempre é possível largar as telas, encontrar um ambiente adequado ou conseguir tempo para relaxar, antes de deitar para dormir.
Rotinas que contemplem a qualidade de vida e saúde mental – o que inclui atividades de meditação, mindfullness e alimentação mais equilibrada são os grandes desafios do nosso tempo, mas a boa notícia é que, além das recomendações médicas, há uma nova geração de produtos e serviços surgindo para ajudar a dormir melhor. Elas incluem desde gummies de melatonina até hoteis de luxo com design pensado, em cada detalhe, para que os clientes possam desacelerar e dormir sem perturbações.
O assunto tem ganhado relevância, em um momento de busca crescente por saúde e bem-estar. Pressionadas pelo ritmo da rotina na sociedade moderna, pela sobrecarga digital e incerteza econômica, as pessoas têm buscado alternativas para compensar a privação do sono. Em paralelo, empresas vêm encontrando em novas tecnologias alternativas para inovar e atender à demanda.
A inteligência artificial, por exemplo, está sendo usada para melhorar o diagnóstico precoce de problemas como a apneia do sono e para tornar mais eficientes equipamentos que auxiliam na respiração noturna, detectando quando as vias aéreas para colapsar e ajustando a pressão de ar automaticamente.
Medicamentos GLP-1, que imitam o hormônio produzido pelo intestino após as refeições, ajudam a combater a obesidade, que frequentemente leva a problemas de sono. E novos aplicativos, em muitos casos conectados a dispositivos vestíveis, servem como como instrutores de sono, monitorando indicadores chave, como duração, interrupções e batimentos cardíacos, para recomendar rotinas personalizadas para quem quer dormir melhor.
No turismo, hotéis renomados, como o Sensei, no Vale Coachella, no Colorado, e o Carillon Miami Beach, na Flórida, ou o Six Senses, na Tailândia, estão integrando biometria, iluminação circadiana e programas de relaxamento personalizados a sua infraestrutura e ao cardápio de serviços para melhorar o descanso dos hóspedes.
É o que aponta a GWI, que vê na busca por noites de sono melhores uma das grandes tendências para o setor de saúde e bem estar em 2025, em todo o mundo.
No Brasil, não é diferente. O mercado de turismo do sono, que globalmente já é estimado em US$ 74,54 bilhões e cresce 12,4% ao ano, segundo a Grand View Research, é visto como tendência também pelo Ministério do Turismo e pela Embratur.
No ano passado 58% dos turistas brasileiros pretendiam viajar com o objetivo de colocar o sono em dia, de acordo com estudo realizado pelo Booking.com. Para isso, 54% dos pais, no Brasil, tinham planos de viajar sem os filhos ou parceiros. Outro movimento incipiente é o de pessoas que buscam hotéis na mesma cidade onde moram, para poder dormir melhor.
Vale destacar ainda a expansão do segmento de bebidas e suplementos para melhorar a qualidade do sono. Na Moriah Asset, por exemplo, temos empresas como a Desinchá e a Super Nutrition, que tem em suas linhas produtos como o Desinchá Noite, o Supersono e gummies de melatonina.
Em uma era digital, em processo de transformação contínua e acelerada, contrapontos como a busca por um sono melhor são um movimento sem perspectiva de desaceleração. Diante do tamanho do desafio, em paralelo às formas mais tradicionais de lidar com a dificuldade para dormir, há espaço para uma ampla gama de inovações, que tendem a beneficiar não apenas a indústria e seus clientes diretos, mas toda a sociedade, com mais segurança, produtividade e qualidade de vida.