Novos ataques russos deixam ao menos 13 mortos na Ucrânia

A Ucrânia sofreu novos ataques aéreos neste domingo (25), que deixaram pelo menos 13 mortos, enquanto em Moscou os drones ucranianos provocaram o fechamento temporário de alguns aeroportos, horas antes da conclusão de uma grande troca de prisioneiros entre os dois países.

Esta foi a segunda noite consecutiva de ataques em larga escala direcionados principalmente contra Kiev, capital da Ucrânia.

A Força Aérea da Ucrânia afirmou neste domingo que derrubou 45 mísseis e 266 drones russos durante a nova onda de bombardeios noturnos que afetou “a maioria das regiões” do país.

“Ataques aéreos inimigos foram relatados em 22 locais e quedas de partes de mísseis e drones derrubados em 15 locais”, afirmou o Exército no Telegram.

Yuriy Ignat, porta-voz da Força Aérea, informou que a Rússia lançou 298 drones, o que representa o “maior número” em um dia desde o início da guerra.

“Sem uma pressão realmente forte sobre as autoridades russas, a brutalidade não pode ser detida. As sanções certamente ajudarão”, reagiu o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, que pediu ações contra “as fragilidades da economia russa” que, segundo ele, “todos conhecem”.

O presidente pediu aos Estados Unidos, aos países europeus e a “todos que buscam a paz que mostrem determinação” para levar o presidente russo Vladimir Putin a “terminar a guerra”.

O chefe de Estado americano, Donald Trump, disse neste domingo que não está “nada feliz com o que Putin está fazendo. Está matando muita gente e não sei que diabos lhe aconteceu”.

“O conheço há muito tempo. Sempre teve uma boa relação com ele, mas está mandando foguetes para cidades e matando gente, isso não me agrada de jeito nenhum”, acrescentou.

O ministro das Relações Exteriores alemão, Johann Wadephul, disse à emissora pública ARD que o presidente russo “está violando os direitos humanos” e que a ofensiva é “uma afronta”, inclusive a Trump, “que tanto fez para levar Putin à mesa de negociações”.

Por sua vez, a chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Kaja Kallas, pediu uma “pressão internacional” maior sobre a Rússia.

– ‘Noite de terror’ –

Os serviços de emergência ucranianos descreveram uma “noite de terror na região de Kiev”, em mensagem no Telegram.

“Vimos que toda a rua estava em chamas”, disse à AFP Tetiana Yankovska, uma aposentada de 65 anos que sobreviveu a um ataque na localidade de Markhalivka, ao sudoeste de Kiev.

Outro aposentado, Oleksander, de 64 anos, também sobreviveu ao bombardeio. Ele declarou que não tem muita fé nas negociações em curso.

“Não precisamos de negociações, e sim de armas, muitas armas, para contê-los”, afirmou.

– Crianças mortas –

Os serviços de emergência ucranianos também informaram que um homem foi encontrado morto no oblast (região administrativa) de Mykolaiv, após um ataque com um drone.

Quatro pessoas morreram e cinco ficaram feridas em ataques russos na região de Khmelnytskyi, oeste do país, segundo os serviços de resgate.

Segundo a mesma fonte, três menores de idade, de 8, 12 e 17 anos, morreram em um bombardeio russo no oblast de Zhytomyr (noroeste).

Zelensky afirmou que, além da capital, os “ataques deliberados contra cidades comuns” visaram 12 regiões.

Em Moscou, o prefeito Sergei Sobyanin anunciou que mais de 10 drones ucranianos alcançaram a capital russa, mas não mencionou vítimas.

A agência russa de aviação civil impôs restrições em pelo menos quatro aeroportos de Moscou, incluindo o principal, Sheremetyevo, mas durante a manhã as operações foram retomadas.

– Fim da troca de prisioneiros –

Apesar do agravamento do conflito, Rússia e Ucrânia concluíram neste domingo a última etapa da troca de prisioneiros no formato de 1.000 por 1.000, acordada durante negociações diretas em Istambul na semana passada.

Esta é a maior troca de prisioneiros de guerra desde o início da invasão russa há mais de três anos.

O Ministério da Defesa da Rússia anunciou que 303 soldados prisioneiros foram trocados pelo mesmo número de militares ucranianos neste domingo, após as trocas efetuadas no sábado (307 prisioneiros de cada lado) e na sexta-feira (270 soldados e 120 civis de cada lado).

A troca de prisioneiros e de corpos de militares mortos em combate constitui um dos últimos âmbitos de cooperação entre Kiev e Moscou, cujas forças ocupam quase 20% do território ucraniano.

O chanceler russo, Sergei Lavrov, afirmou na sexta-feira que Moscou está elaborando um documento com “as condições de um acordo duradouro, global e de longo prazo sobre a solução” do conflito, que pretendia transmitir ao governo ucraniano após a troca de prisioneiros.

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