GENEBRA, 10 OUT (ANSA) – A Organização das Nações Unidas (ONU) acusou Israel de “crimes contra a humanidade” em um relatório assinado por três investigadores da Comissão Internacional Independente de Inquérito das Nações Unidas, que desde 2021 analisam supostas violações do direito internacional no país e nos territórios palestinos.   

Este é o segundo relatório da organização desde os ataques do Hamas a Israel há pouco mais de um ano, que desencadeou na atual guerra. Segundo as novas acusações da ONU, o governo de Benjamin Netanyahu está “cometendo crimes de guerra e contra a humanidade definidos como extermínio, com ataques implacáveis e deliberados contra equipes [de saúde] e instalações médicas”.   

No entanto, o documento também evidencia abusos cometidos por palestinos contra o país judeu com os reféns em Gaza, acusando tanto Israel quanto os grupos armados palestinos de “tortura” e “violência sexual e de gênero”.   

O governo israelense acusou a comissão das Nações Unidas de “discriminação sistemática contra Israel” e rejeitou todas as conclusões do relatório.   

“Israel deve cessar imediatamente a destruição desenfreada e sem precedentes de instalações de saúde em Gaza”, declarou Navi Pillay, presidente da comissão e ex-chefe de direitos da ONU.   

Caso não faça, “Israel está colocando o próprio direito à saúde em risco, com graves consequências a longo prazo para a população civil”, acrescentou Pillay.   

O relatório concluiu que as forças de segurança israelenses “mataram, detiveram e torturaram deliberadamente equipes médicas e atacaram veículos de socorro” em Gaza, como também restringiram autorizações para deixar o território para tratamento médico. Tais ações constituem numerosos crimes de guerra e “o crime de extermínio contra a humanidade”, reforçou a comissão.   

Os investigadores das Nações Unidas também analisaram o tratamento dado a palestinos detidos em campos militares e centros de detenção israelenses. A conclusão é que milhares de detidos, incluindo crianças, foram sujeitos a “abuso generalizado e sistemático, violência física e psicológica, além de violência sexual e de gênero”.   

O relatório concluiu que os “maus tratos institucionalizados aos detidos palestinos” ocorreram “sob ordens diretas” do ministro da Segurança Nacional de Israel, Itamar Ben Gvir, alimentados por declarações do governo israelense que “incitam a violência e a vingança”.   

Segundo Pillay, “atos hediondos de abuso” contra presos exigem responsabilização e reparações. (ANSA).