06/09/2024 - 16:35
O novo primeiro-ministro francês, o conservador Michel Barnier, iniciou nesta sexta-feira (6) contatos com partidos de direito e centro para formar “um governo de unidade”, cuja sobrevivência dependerá de uma decisão da extrema direita sobre não apoiar uma moção de censura.
Barnier, 73 anos, recebeu seu antecessor Gabriel Attal, membro da aliança de centro-direita de Macron, antes de conversar com os líderes de seu próprio partido conservador Os Republicanos (LR), que tem apenas 47 dos 577 deputados na Assembleia Nacional.
“Haverá pessoas do meu partido político (…), pessoas de boa vontade” da aliança do governo que se encerra, “mas não só”, disse Barnier em uma entrevista à emissora TF1, sem descartar “representantes da esquerda”.
A missão é complicada. A antecipação inesperada das legislativas que estavam marcadas para 2027 por parte do presidente deixou a Assembleia Nacional (Câmara Baixa) fragmentada em três blocos principais, todos distantes da maioria absoluta.
Barnier poderia formar um governo principalmente com as forças de Macron e o LR, mas o partido já anunciou que só apoiará o governo se defender a “ordem nas contas e nas ruas”, assim como “menos imigração, mais segurança”.
Após semanas de consultas, a nomeação aconteceu graças ao fato de o partido de extrema direita Reagrupamento Nacional (RN) de Marine Le Pen ter descartado, ao menos por enquanto, uma moção de censura contra Barnier, enquanto aguarda a divulgação de seu programa de governo.
Le Pen, que afirmou que não participará em uma coalizão, enumerou suas prioridades: poder aquisitivo, combater a “imigração fora de controle” e a insegurança, além de modificar o sistema eleitoral.
Questionado sobre o papel de árbitro de Le Pen, derrotada no segundo turno das eleições presidenciais de 2017 e 2022, Barnier garantiu que ainda não falou com ela, mas não rejeitou o seu pedido de reforma eleitoral, que deve consultar “com o resto dos grupos.”
Em seu primeiro discurso, o novo chefe de Governo conservador citou o controle da migração entre suas prioridades, assim como o acesso aos serviços públicos, escola, segurança, trabalho e nível de vida.
A coalizão de esquerda Nova Frente Popular (NFP), a mais votada nas eleições legislativas, anunciou uma moção de censura, que só terá sucesso se a extrema direita de Le Pen votar a favor.
A principal promessa eleitoral da NFP era a revogação da reforma previdenciária de Macron e Barnier disse, em um aceno, estar disposto a “abrir o debate” sobre como “melhorá-la”, mas sem se pronunciar sobre se anulará a sua medida mais polêmica: o aumento da idade de reforma de 62 para 64 anos.
Na França, o presidente compartilha o poder Executivo com o governo e é responsável por nomear o primeiro-ministro, que pode ser de outra tendência política, sem consultar a Assembleia Nacional, cuja única opção de oposição é aprovar uma moção de censura.
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