Paulo Guedes anda acuado. Tudo porque fica lembrando ao presidente, a todo instante, que ele não pode gastar demais, para não furar o teto de gastos e, assim, correr o risco que Dilma correu em 2016. Bolsonaro não quer mais ouvir essas advertências. Só tem ouvidos para o ministro Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional), que adotou a cartilha da gastança de olho em 2022. É o novo Posto Ipiranga do presidente. Tanto que nas viagens eleitoreiras ao Nordeste quem acompanha Bolsonaro é Marinho, um nordestino raiz: nasceu em Natal (RN). Ex-deputado, Marinho é bem quisto também no Congresso, ao contrário de Guedes, que pode entender de teses liberalizantes de Chicago, mas pouco sabe sobre a conquista de votos no Nordeste, que é o que interessa a Bolsonaro.

Rasteira

Diante da ameaça, Guedes corre para viabilizar projetos populistas. O primeiro é o Renda Brasil, que seria lançado esta semana. Substituirá o Bolsa Família do PT. Aumentará o número de famílias atendidas de 14,7 milhões para 23 milhões e ampliará os valores pagos de R$ 190 para R$ 250 ou R$ 300 por pessoa. Bolsonaro quer ser o novo “pai dos pobres”.

Casas

Outra bandeira que Bolsonaro tomará do lulismo é o Minha Casa Minha Vida. O programa de casas para os pobres, criado pelo PT, vai virar Casa Verde Amarela. Por meio dele, Bolsonaro financiará moradias populares com juros baixos. O subsídio será de R$ 47,5 mil por unidade. Mais uma cortesia de Bolsonaro com chapéu alheio (dinheiro dos impostos).

Eu me amo

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Wallace Martins

A deputada Carla Zambelli (PSL-SP), aliada de Bolsonaro, virou meme na Internet ao protagonizar um lance hilário. Com Covid-19, ela publicou, em sua página no Facebook, que estava “sem conseguir dormir, com dor no corpo” e pediu “orações” a todos os seus seguidores. Sem noção, ela mesmo respondeu ao seu post. “Força e muita força! Você é nossa representante.” Ela foi internada na segunda-feira, 24.

Rápidas

* O vereador Eduardo Suplicy prova que é pau para toda obra no PT. Agora, está sendo cogitado para ser o vice na chapa encabeçada pelo rejeitado Jilmar Tatto a prefeito de São Paulo. Se fosse candidato a prefeito, Suplicy certamente seria melhor aceito pelos petistas.

* O PT ainda tentou cooptar a dentista Ana Estela, mulher de Fernando Haddad, para a vaga de vice de Tatto, mas ela pulou fora: não se desincompatibilizou da Faculdade de Odontologia da USP como manda a lei eleitoral.

* Bruno Covas faz de tudo para obter apoio à reeleição e, por vezes, esquece-se do passado dos novos aliados. Nomeou o ex-petista Cândido Vaccarezza, que já foi preso na Lava Jato, para dirigir o Hospital do Campo Limpo.* A proposta de Reforma Tributária do governo está no telhado da Câmara. Choca-se com os outros dois projetos que já estavam no Congresso. Pior: a partir de setembro, o Congresso para por causa das eleições.

Retrato falado

“Com Doria, o PSDB vai construir um projeto para 2022 que fique distante do petismo e do bolsonarismo” (Crédito: Alan Marques)

O presidente nacional do PSDB, Bruno Araújo, disse, em live na ISTOÉ na terça-feira, 18, que o partido tentará construir em torno da candidatura de Doria a presidente uma frente ampla do centro para evitar os erros cometidos em 2018. “Pela desunião do centro em 2018, pagamos um preço alto. Mas como não existe pena perpétua para os partidos, o PSDB continuará tendo protagonismo ao longo deste ano.” Segundo ele, o PSDB deverá eleger prefeitos
nas mais importantes capitais.

Água no chopp

O governo está dando pulos de alegria para comemorar suposta melhora na economia. Guedes viu com euforia os números do Caged (Cadastro de Empregos e Desempregados) de julho. Nesse mês, as empresas registraram 1,043 milhão de novos empregos, contra 912.640 demissões. Um saldo positivo de 131 mil novos postos de trabalho. Bolsonaro até quis festejar, mas jogaram água no chopp. Ocorre que este ano, de janeiro a julho, temos um saldo negativo de 1,093 milhão de empregos. O pior semestre da história. Hoje, temos 41 milhões de brasileiros que estão desempregados ou procurando emprego. E isso vem desde a gestão de Dilma. Uma obra petista/bolsonarista.

Queda do PIB

Guedes também festeja o fato de o tombo no PIB ser menor do que se imaginava no auge da pandemia. Falava-se que o PIB cairia 10%. Agora, o ministro diz que a queda será de “apenas” 4%, embora os números do mercado indiquem 5,46%. É o pior da história. O maior até aqui, de 3,8%, aconteceu com Dilma, em 2015.


Toma lá dá cá

Felipe Rigoni, Deputado (Crédito:Divulgação)

Por que o senhor rompeu com o seu partido, o PSB?
Entrei com um processo no TSE para pedir desfiliação do PSB por justa causa, para não perder o mandato. Já recebi mais de 20 convites de outras legendas, como o PSDB, Podemos e o Novo, mas ainda não decidi para qual deles eu vou.

O rompimento aconteceu por que o PSB se opõe demasiadamente a Bolsonaro e o senhor nem tanto, apoiando algumas iniciativas do governo?
Não é só Bolsonaro que está errando na pandemia. Muitos outros governantes também têm errado. O extremismo político não ajuda o País.

Qual é o maior erro de Bolsonaro até aqui?
O pior do governo é a pasta da Educação. A Educação tem o poder transformador e pode tirar o País do atraso.

 

Oposição civilizada

O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) demonstrou que, apesar de fazer duras críticas a Bolsonaro, apoia o presidente quando se está em jogo o futuro do País. Como senador, votou a favor de manter o veto do presidente ao reajuste dos servidores. Para ele, “foi um grande equivoco o Senado ter derrubado o veto do presidente”, disse à ISTOÉ.

Mateus Bonomi

Caos na Saúde

Por outro lado, Tasso Jereissati não poupa o presidente quando se trata de analisar sua “desastrada” política para a Saúde, sobretudo no combate ao coronavírus. “Faltou sensibilidade ao presidente. Bolsonaro é o responsável pelo caos na Saúde, pelas milhares de mortes e por essa tragédia gigantesca dos efeitos da Covid”, acusou o senador.

“Não é uma gripezinha”

Divulgação

Depois de ter ficado três semanas hospitalizado em razão do coronavírus, inclusive intubado em estado grave, o deputado coronel Tadeu Lemos (PSL-SP) passou a discordar do presidente Bolsonaro, do qual é apoiador. “Não é uma gripezinha. A Covid-19 é extremamente perigosa”, disse o deputado à ISTOÉ.


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