Novo Nordisk investirá R$ 6,4 bi em fábrica para produzir medicamentos em MG

A farmacêutica dinamarquesa Novo Nordisk anunciou um investimento de R$ 6,4 bilhões (o equivalente a 8 bilhões de coroas dinamarquesas) para expandir a sua fábrica em Montes Claros, no norte de Minas Gerais. O objetivo é aumentar a capacidade de produção local para tratamentos injetáveis para pessoas com obesidade, diabetes e outras doenças crônicas graves. A empresa é dona das marcas de grande sucesso Ozempic, Wegowy e Rybelsus, voltadas para esse mercado, categoria chamada de medicamentos análogos de GLP-1.

“A Novo Nordisk está agora anunciando o maior investimento de uma empresa privada no setor de saúde no Brasil”, afirmou o empresário dinamarquês Lars Jorgensen, CEO da Novo Nordisk, em evento que contou com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na fábrica, na manhã desta segunda-feira, 7.

A empresa terá um aumento significativo de capacidade de produção no Brasil, com novos processos de produção asséptica, um almoxarifado e um novo laboratório de controle de qualidade. “Quero dizer da alegria de poder participar de um acontecimento tão importante e tão necessário para o País, que é o fortalecimento de uma empresa, o investimento em desenvolvimento científico e tecnológico, investimento na formação das pessoas e investimento na formação de emprego”, afirmou Lula, em seu discurso, destacando que a Novo Nordisk é a principal fornecedora de insulina para o Sistema Único de Saúde (SUS) e a maior exportadora de medicamentos do País.

A empresa já tinha uma fábrica em Montes Claros para fazer insulina e agora terá uma nova unidade, no mesmo local, mais do que dobrando de tamanho de área construída, para 138 mil metros quadrados.

“O Brasil está entre os cinco maiores mercados da Novo Nordisk do mundo e a fábrica é uma representação da importância estratégica da Novo Nordisk no Brasil e também a importância do Brasil para a Novo Nordisk”, afirma o vice-presidente da fábrica em Montes Claros, Reinaldo Costa.

A empresa afirma que 25% do total de insulina fabricada pela empresa no mundo vem de Montes Claros, que exporta para 70 países. No ano passado, a empresa anunciou dois incrementos na produção em Montes Claros. Em outubro, informou que investiria R$ 864 milhões na modernização da planta fabril. Em dezembro, anunciou um investimento adicional de R$ 500 milhões para ampliar a capacidade de confecção de enzimas usadas para fazer Ozempic e Wegowy. Segundo a embaixadora da Dinamarca no Brasil, Eva Bisgaard Pedersen, a Novo Nordisk já representa 20% das exportações farmacêuticas brasileiras.

Participando do evento de anúncio do novo investimento, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, comentou que o Brasil tem um déficit comercial em produtos farmacêuticos e que os brasileiros precisam se perguntar o que o País está fazendo de certo para trazer mais investimentos como o da Novo Nordisk.

A empresa está presente no Brasil desde 1990 e atualmente conta com mais de 2 mil colaboradores, com escritório administrativo em São Paulo e produção em Montes Claros (MG). Espera-se que o investimento gere 600 empregos permanentes após a conclusão das instalações. Durante a fase de construção, até 2 mil empregados externos trabalharão no local.

O Ozempic se tornou um fenômeno global do mercado de medicamento a partir de 2023, quando o público percebeu que celebridades estavam emagrecendo com a ajuda do medicamento. Ele passou a ser receitado para milhares de pessoas que precisavam ou desejavam perder peso.

Em 2026, vencerá a patente do Ozempic no Brasil, permitindo a entrada de concorrentes genéricos no mercado. “O processo de patente e expiração de patente é normal na indústria. A gente já espera isso no Brasil e no mundo inteiro”. Não é assunto que nos preocupa por que já faz parte do nosso processo”, diz Costa, da Novo Nordisk. “A concorrência faz que o mercado se expanda.”

Valor global

Desde o segundo semestre de 2023, a Novo Nordisk vem disputando com o grupo de luxo LVMH o título de empresa europeia de maior valor de mercado. Em setembro de 2023, a dinamarquesa assumiu a primeira posição, título que o conglomerado francês retomou em janeiro deste. Atualmente, o valor de mercado da Novo Nordisk supera os US$ 280 bilhões.

O sucesso da empresa fez com que economistas defendessem que os seus resultados fossem excluídos das contas dos indicadores da Dinamarca, por terem muito impacto no PIB local. Por exemplo, em 2023, o PIB da Dinamarca cresceu 1,9%, e, sem a indústria farmacêutica, a evolução teria sido de 0%.