O general Brice Oligui Nguema, que tomou posse como presidente do Gabão nesta segunda-feira (4) após o golpe de Estado há cinco dias, prometeu “devolver o poder aos civis” depois de uma transição para a qual não estabeleceu prazos.

Em 30 de agosto, os militares proclamaram o “fim do regime” de Ali Bongo, que governou o país durante 14 anos, menos de uma hora depois da proclamação da sua reeleição após as eleições de 26 de agosto, e argumentaram que a votação tinha foi fraudada.

Um dia depois, todos os chefes do Exército e da polícia reunidos Comitê para a Transição e Restauração das Instituições (CTRI), chefiado pelo general Oligui, acusaram o entorno do chefe de Estado em prisão domiciliar de “desvio em massa” de dinheiro público e de “governança irresponsável”.

“Juro por Deus e pelo povo gabonês preservar fielmente o regime republicano (e) preservar as conquistas da democracia”, disse o general, vestindo um traje cerimonial vermelho da Guarda Republicana, a unidade de elite do exército.

Diante de centenas de convidados, incluindo ministros depostos de Ali Bongo e autoridades do seu partido, o general exortou-os a participar de uma futura Constituição que será “adotada por referendo”, assim como um novo código eleitoral e penal “mais democrático e respeitoso com os direitos humanos”.

Ele também prometeu “entregar o poder aos civis por meio de eleições livres, transparentes e credíveis”.

Ali Bongo Ondimba, de 64 anos, em prisão domiciliar desde o golpe de Estado, foi eleito em 2009 após a morte do seu pai, Omar Bongo Ondimba, que governou o país durante mais de 40 anos.

A União Africana, a União Europeia, a ONU e grande parte dos países ocidentais condenaram o golpe, mas indicaram que, ao contrário de outros golpes em países do continente (oito em apenas três anos), este foi precedido por uma eleição claramente fraudulenta, o que o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, descreveu como um “golpe de Estado institucional”.

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