Sem mencionar a Constituição, o separatista radical Quim Torra tomou posse, nesta quinta-feira (17), da presidência da Catalunha, em uma cerimônia breve e sem representantes do governo espanhol.

“Prometo cumprir lealmente as obrigações do cargo de presidente da Generalitat (governo catalão) com fidelidade à vontade do povo da Catalunha representado pelo Parlamento da Catalunha”, disse Torra, utilizando a mesma fórmula de seu antecessor Carles Puigdemont.

Torra tampouco prometeu fidelidade ao Estatuto de Autonomia da Catalunha, a norma básica que regula o autogoverno regional, e apareceu acompanhado apenas por uma bandeira catalã, sem a bandeira espanhola e sem o retrato do rei Felipe, como determina o protocolo para essas situações.

Com sua posse, chega ao fim um período de quase sete meses sem presidente nessa região no nordeste do país, controlada diretamente pelo governo espanhol de Mariano Rajoy desde o afastamento de Puigdemont após a frustrada tentativa de declaração de independência de 27 de outubro.

Para Torra, esse afastamento não foi lícito, e o “presidente legítimo” da Catalunha continua sendo Puigdemont, a quem visitou na terça-feira (15), em Berlim, em seu primeiro ato após ser eleito pelo Parlamento catalão.

Com um formato muito austero para evidenciar o caráter excepcional de sua presidência, a cerimônia provocou seu primeiro choque com o governo espanhol, que terminou por não enviar representante.

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“Tentou-se impor-lhe o nível da delegação de governo”, denunciou uma fonte de Madri para explicar a decisão.

“O modelo de ato organizado (…) degrada a própria dignidade da instituição”, acrescentou.

O evento foi realizado na sala secundária do Palácio do Governo catalão – em vez do elegante salão de São Jorge, onde sempre se fez -, com alguns familiares de Quim Torra, com o presidente do Parlamento catalão, Roger Torrent, com um funcionário de alto escalão do governo e com o chefe da Polícia catalã como únicas testemunhas.

Como uma deferência a Puigdemont, Torra não colocou o medalhão simbólico com a bandeira catalã, mais um protocolo seguido por todos os presidentes.

Membro da ala dura do separatismo e sem experiência na política, este editor de 55 anos foi designado como sucessor por Carles Puigdemont, depois que este último viu bloqueadas todas as suas tentativas para ser empossado após as eleições regionais de dezembro.

No momento, o ex-presidente catalão se encontra na Alemanha, à espera de um processo de extradição, e pretende formar uma espécie de governo no exílio não previsto na legislação espanhola.


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