Por Jeffrey Heller

JERUSÁLEM (Reuters) – O primeiro governo israelense em 12 anos a não ser liderado por Benjamin Netanyahu começou a trabalhar nesta segunda-feira, quando o ex-primeiro-ministro se absteve de comparecer a uma cerimônia de troca de comando com o sucessor, Naftali Bennett.

O período recorde do líder de direita no cargo terminou no domingo, quando o Parlamento aprovou pela margem apertada de 60 a 59 uma nova gestão comandada por Bennett, um nacionalista cujas opiniões espelham muitas das de Netanyahu em diversos temas.

Em Tel Aviv, milhares comemoraram o desfecho depois de quatro eleições inconclusivas em dois anos.

“Estou aqui comemorando o fim de uma era em Israel”, disse Erez Biezuner na Praça Rabin.

Combativo, Netanyahu, de 71 anos, disse que voltará antes do que se espera.

“Se estamos destinados a ir para a oposição, nós o faremos de cabeça erguida até podermos derrubá-lo”, disse ele ao Parlamento antes de Bennett tomar posse.

A cerimônia tradicional de troca de governo não foi agendada na casa do premiê, onde se acreditava que Netanyahu se reuniria com Bennett ainda nesta segunda-feira para inteirá-lo de assuntos de Estado.

Da última vez em que foi afastado da liderança de Israel, em 1999, Netanyahu encerrou o primeiro mandato com uma taça de vinho na mão e palavras afáveis de acolhida ao então líder do Partido Trabalhista, Ehud Barak, que o havia derrotado na eleição.

“Amargo, ranzinza, nada estadista – como Trump até o último momento”, escreveu Yossi Verter, comentarista de assuntos políticos, no jornal de inclinação de esquerda Haaretz.

Indagado por que não haveria tal cena agora, Topaz Luk, assessor sênior de Netanyahu, disse à Rádio do Exército: “É o que acontece.”

Netanyahu, disse ele, está “cheio de motivação para depor este governo perigoso o mais rápido possível”. Luk não quis revelar a estratégia de retorno de Netanyahu, ressaltando somente a margem estreita de apoio do novo governo no Parlamento.

Ele ainda disse que o governo estreante está recebendo informes dos assessores diplomáticos e de segurança de Netanyahu para garantir uma transição ordeira.

Com pouca coisa em comum além do desejo de destronar Netanyahu, a coalizão heterodoxa de partidas de direita, centro, esquerda e árabes planeja evitar medidas abrangentes em temas controversos, como as políticas para os palestinos, e se concentrar em reformas domésticas.