O novo governo de Bolívia, liderado pelo centro-direitista Rodrigo Paz, anunciou nesta terça-feira (25) que proporá ao Congresso uma redução de 30% do gasto fiscal e eliminação de impostos como primeiras medidas para estabilizar o país, submerso em sua pior crise econômica em quatro décadas.
Paz, que assumiu o poder em 8 de novembro, pôs fim a um ciclo de quase 20 anos de governos socialistas iniciados por Evo Morales (2006-2019) e continuado por Luis Arce (2020-2025).
A crise atual é causada pela escassez de dólares desde 2023. O governo anterior esgotou quase todas as reservas de divisas para manter um política bilionária de subsídios aos combustíveis que se mantém até hoje.
“Pelo menos vamos reduzir em 30% o gasto fiscal até 2026. Isso implica em um processo exaustivo de revisão do gasto público e de reacomodação” das instituições estatais, disse em coletiva de imprensa José Gabriel Espinoza, ministro da Economia, acompanhado de Paz.
Segundo Espinoza, será uma “redução massiva”, pois representa 4 pontos percentuais do PIB.
O governo solicitará ao Parlamento que lhe devolva o projeto orçamentário enviado por Arce para reformulá-lo.
“Estamos absolutamente certos em relação ao fato de que grande parte desse gasto corrente não chega às pessoas, não tem a ver com serviços básicos como saúde, educação, segurança e infraestrutura”, acrescentou.
Ele não aprofundou os detalhes dos cortes. Disse que ainda estão avaliando e serão publicados em sua totalidade em fevereiro de 2026, quando apresentarem o novo orçamento ao Congresso para sua aprovação.
Durante a campanha eleitoral, Paz prometeu cortar mais da metade dos subsídios aos combustíveis, que é um dos gastos que mais drena dinheiro dos cofres públicos.
O governo também levará em consideração do Legislativo a eliminação de quatro impostos para dinamizar a economia nacional: sobre grandes fortunas, sobre transferências financeiras, sobre o jogo e sobre promoções empresariais.
Embora representem apenas 1% da arrecadação nacional, disse Espinoza, geraram “contradições” e “problemas no âmbito dos negócios”.
Paz disse que “o imposto sobre grandes fortunas afugentou mais de 2 bilhões de dólares” (quase 12 bilhões de reais).
Durante a coletiva, o governo informou que a administração anterior deixou mais de um bilhão de dólares em dívidas não pagas a fornecedores que começarão a ser honradas a partir desta terça-feira. Serão priorizados os pagamentos mais atrasados e a pequenos empresários.
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