BOLZANO, 02 JAN (ANSA) – O programa do futuro governo da Áustria não prevê mais uma polêmica proposta para conceder cidadania para pessoas de língua alemã residentes na província autônoma de Bolzano-Alto Ádige, extremo-norte da Itália.   

A medida fazia parte do acordo entre o conservador Partido Popular (ÖVP), de Sebastian Kurz, e o Partido da Liberdade (FPÖ), de extrema direita, aliança que governou o país entre dezembro de 2017 e maio de 2019. No entanto, após as eleições de 29 de setembro, Kurz preferiu formar coalizão com os Verdes, e o projeto de cidadania, que era bandeira do FPÖ, acabou ignorado.   

O acordo de governo fala apenas genericamente de “assistência às vítimas do nazismo e seus descendentes nos procedimentos para obter a dupla cidadania”. Além disso, o ÖVP e os Verdes exaltam a comunidade do Alto Ádige como “exemplo internacional para superar conflitos e de tutela das minorias”.   

“É dever comum de Áustria e Itália garantir, em estreito acordo com os grupos linguísticos alemães e ladinos, a continuação do desenvolvimento da autonomia [do Alto Ádige]”, diz o texto.   

O projeto defendido pelo primeiro governo Kurz previa que moradores do Alto Ádige que se autodeclarassem alemães ou ladinos no formulário de pertencimento linguístico poderiam obter a cidadania austríaca.   

Essa é a única divisão administrativa da Itália onde os que têm o italiano como língua materna são minoria (aproximadamente um terço dos habitantes). A província faz parte da região de Trentino-Alto Ádige e pertencia ao Império Austro-Húngaro, mas foi anexada pela Itália após a Primeira Guerra Mundial. Nos anos do fascismo, Benito Mussolini tentou “italianizar” Bolzano à força, mas sem sucesso. Atualmente, a província goza de ampla autonomia em relação a Roma, porém abriga pequenos movimentos que defendem sua anexação pela Áustria. O governo italiano temia que o projeto de cidadania desse combustível a pretensões separatistas na província. (ANSA)

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