Até recentemente diretor do MuBE – Museu Brasileiro de Escultura e Ecologia, o crítico e professor Cauê Alves foi escolhido o novo curador do Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM). Mestre e doutor em Filosofia pela USP, ele é professor do departamento de Arte da Faculdade de Filosofia, Comunicação, Letras e Artes da PUC-SP e foi curador-chefe do MuBE entre 2016 e 2020. Apesar de jovem, ele já acumula grandes exposições como curador, como a do Pavilhão Brasileiro da 56ª Bienal de Veneza, do qual foi assistente. Alves já colaborou em diversas ações curatoriais no MAM São Paulo, foi cocurador do 32º Panorama da Arte Brasileira e curador do Clube de Gravura, de 2006 a 2016.

Segundo o curador, atenção prioritária será concedida ao acervo do MAM e ao departamento educativo, áreas que ele pretende desenvolver, além de programas para aprimorar o trabalho de documentação, conservação e restauro de suas diversas coleções. “O acervo do MAM é mais representativo em arte contemporânea que em arte moderna. Nesse sentido, é importante buscar novas formas de exibição da coleção, de 5 mil obras, considerando a relação estreita entre o moderno e o contemporâneo, de modo a valorizar a multiplicidade de manifestações artísticas desenvolvidas desde o século 20. Temos de olhar para a arte moderna a partir de uma visão do presente”, explica Cauê Alves.

O museu completou 72 anos com um acervo ainda pouco exibido por causa das limitações físicas do espaço, que foi redesenhado pela arquiteta Lina Bo Bardi, a mesma que projetou o Museu de Arte de São Paulo, na Paulista. O setor educativo do MAM é uma área fundamental na história da instituição, que promove o histórico Panorama da Arte Brasileira também com uma proposta pedagógica muito clara. Ele deve crescer sob a direção de Alves, cuja proposta é estabelecer uma relação mais integrada com a curadoria. Para o novo diretor, “as ações dos educadores serão fundamentais para tornar a arte acessível ao maior número de pessoas”.

Para tanto, ele deve convidar artistas com experiência pedagógica e capazes de desenvolver projetos em conjunto com o setor educativo do museu. O projeto do curador Cauê Alves ainda contempla a ativação do Museu no Parque do Ibirapuera, que figura entre os oito melhores do mundo. O número de visitantes do museu, antes da quarentena provocada pela pandemia do coronavírus, ultrapassava 150 mil no fim de semana. O MAM também promove exposições ao ar livre, além de manter bem em frente à sede do museu, no Parque do Ibirapuera, o Jardim de Esculturas, no qual figuram obras de Amilcar de Castro, Amélia Toledo e Nuno Ramos, entre outros.

A transição curatorial, que acontece após um período de mais de dez anos sob o comando de Felipe Chaimovich, é consequência de um novo ciclo de gestão do MAM, iniciado no ano passado com a nova presidente Mariana Guarini Berenguer, que definiu novas regras de democratização e sustentabilidade do museu. Um grupo colegiado formado pela presidente, conselheiros e diretores do MAM elaborou um perfil necessário para o cargo de curadoria e, depois de meses de avaliação, com diversas entrevistas, escolheu Cauê Alves. O novo curador deve ocupar o cargo por um ciclo de até cinco anos que pode ser renovado.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.