O novo Congresso do Chile tomou posse do mandato na cidade costeira de Valparaíso sem maiorias definidas nem no Senado nem na Câmara dos Deputados, um pouco antes da mudança no gabinete presidencial entre o conservador Sebastián Piñera e o esquerdista Gabriel Boric.
Na Câmara dos Deputados foi renovada totalidade dos 155 mandatos parlamentares para a legislatura 2022-2026.
A coalizão considerada oficial do futuro governo de Boric, Apruebo Dignidad (Frente Ampla e Partido Comunista), somou 37 deputados e a coalizão de esquerda Nueva Pacto Social (antiga Concertación) outros 37.
Do lado da direita, que agora vai assumir o papel de oposição, a coalizão que, até agora, apoiou Piñera acumulou 53 legisladores, os ultradireitistas da Frente Social Cristiana 15 e a incógnita é a posição que os 6 deputados do Partido de la Gente irão assumir.
O Senado ,que após uma recente reforma passou de 43 para 50 assentos, renovou 27 mandatos. A direita e a esquerda ficaram dividas meio a meio.
Destacou-se na Câmara Alta a ascensão da senadora independente Fabiola Campillai, que ficou cegam, sem olfato e sem paladar após ser atingida por uma bomba de gás lacrimogênio disparada pela polícia em sua cabeça durante os protestos de outubro de 2019.
“Fizemos história, sou oficialmente Senadora da República. O povo chegou ao Senado, farei meu trabalho com toda a convicção. Hoje, juro pela verdade, pela justiça, pela liberdade, pela reparação e pelas garantias de não repetição”, publicou a legisladora em suas redes sociais.
Após a posse dos parlamentares, deu-se, na sede do Congresso, a cerimônia de transferência do mandato presidencial.
Gabriel Boric assumiu a Presidência do Chile para o mandato de 2022-2026, tornando-se o presidente mais jovem da história do país, com apenas 36 anos.
“Diante do povo e dos povos do Chile, sim, prometo”, disse Boric, erguendo o punho esquerdo e assinando, depois de um grande suspiro, sua posição como a mais alta autoridade do país sul-americano em substituição ao conservador Sebastián Piñera.
Boric assume o governo do Chile após sua vitória no segundo turno das eleições, em 19 de dezembro, com 55,87% dos votos.
Para sua posse, entre convidados nacionais e internacionais, está o jovem universitário Gustavo Gatica. Ele foi alvo de disparos de bala de borracha em um dos olhos durante os protestos de 8 de novembro de 2019, em meio aos enfrentamentos entre Carabineros (Polícia Militar) e manifestantes no centro de Santiago.