Nove filhos e um sobrinho brigam na Justiça pela herança de R$ 100 milhões deixada pelo lavrador Renê Senna, que ganhou na Mega-Sena e foi assassinado a tiros em 7 de janeiro de 2007, no município de Rio Bonito, região metropolitana do Rio de Janeiro.

O lavrador ganhou na loteria o valor de R$ 52 milhões, mas subiu para R$ 100 milhões devido às aplicações financeiras que ele fez ainda em vida. Segundo o “O Globo”, já foram apresentados quatro testamentos diferentes até o momento. O advogado Sebastião Mendonça, que representa oito irmãos e o sobrinho do lavrador, entrou com um pedido para anular o último testamento apresentado por Renata Almeida Senna, filha de Renê.

O documento, que substituía os outros três, dizia que Renata era a única herdeira do lavrador. Em novembro de 2021, uma decisão judicial já havia garantido que a filha ficasse com 50% da herança, ou seja, R$ 43 milhões (sem contar com pouco mais de R$ 10 milhões referente a venda da fazenda onde Renê morava).

Essa decisão foi tomada pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça) após ter negado um recurso apresentado por Adriana Ferreira Almeida Nascimento, viúva de Renê condenada a 20 anos de prisão como mandante do assassinato. A mulher havia entrado com um pedido para tentar validar o terceiro testamento, que dava direito à metade da fortuna. Porém a Justiça recusou e foi formado um acordo entre os oito irmãos e o sobrinho do lavrador, além da parte de Renata.

No entanto, em setembro de 2023, Renata entrou com uma petição alegando que o terceiro testamento havia caducado e apresentou um outro documento, no qual ela aparece como a única herdeira. Agora a defesa dos outros oitos irmãos tenta reverter o caso.

“O documento está com nulidades. A testemunha que participou do testamento tinha interesse na causa por já ter prestado assessoria financeira ao Renê e a Renata, que era inventariante do espólio. O código civil fala que tem interesse na causa, quem tem afinidade, ou é amigo, ou inimigo, não pode participar do ato”, disse o advogado Sebastião Mendonça, ao “O Globo”.

Todos os quatro testamentos foram escritos por Renê entre 2005 e 2006. Depois, ele foi executado a tiros quando retornava de um bar, em Rio Bonito. De acordo com a sentença, Adriana encomendou a morte do lavrador após ele descobrir uma traição e decidir tirá-la do último testamento.

Procurada, a defesa de Renata informou que não pretende se manifestar sobre o caso.