O ano de 2017 termina com boas perspectivas para a educação brasileira. Não quero com isso dizer que avançamos na qualidade do ensino. Basta citar os recentes resultados divulgados sobre a alfabetização de nossas crianças: de cada 100 que concluem o 3º ano do ensino fundamental, 50 não sabem ler e contar. Ou seja, em pleno século XXI, ainda não sabemos alfabetizar nossos alunos, e isso é uma verdadeira vergonha nacional.

Mas há importantes iniciativas que poderão ajudar a transformar esse quadro. Uma delas é o programa Mais Alfabetização, lançado pelo Ministério da Educação (MEC) em parceria com as secretarias de educação. Inspirado no bem sucedido programa cearense Alfabetização na Idade Certa, ele tem como foco a formação docente em serviço e a alfabetização ao término do 2º ano do ensino fundamental, em consonância com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC).

A BNCC e sua recente aprovação pelo Conselho Nacional de Educação (CNE), no último dia 15, foi outra importante iniciativa para a educação em 2017 e que, a meu ver, é o grande marco do ano. Com a BNCC, o Brasil terá estabelecido aquilo que cada criança e adolescente deve aprender, da educação infantil ao ensino fundamental. A expectativa agora será quanto a sua implementação, e isso passa necessariamente pela formação do professor.

Apesar de a BNCC para o ensino médio ter ficado apenas para 2018, há de se louvar não só a recente reforma realizada pelo MEC para esta última etapa da educação básica, numa parceria com as secretarias estaduais de educação, mas também a implementação do programa de escolas de ensino médio em tempo integral. Esse ano foram implantadas mais de 400 escolas em todo o país, tendo por base o modelo desenvolvido em Pernambuco, em 2004, que colocou o estado na 1ª posição do ranking nacional do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb).

Também no último dia 15, data tão rica para a educação brasileira, a cidade de São Paulo lançou o seu currículo escolar, após ampla consulta à comunidade de professores e alunos, e que contou com o apoio de algumas instituições, entre elas o Instituto Ayrton Senna. Nesse caso, o foco foi o desenho da parte curricular relativa às habilidades socioemocionais na perspectiva da oferta de uma educação integral.

Por fim, ainda neste dia 15, foi lançado o Tiradentes Institute em Boston, nos Estados Unidos – uma iniciativa da Universidade Tiradentes em parceria com a Universidade de Massachusetts (UMass Boston). Assim, alunos e professores das duas universidades serão beneficiados mediante a programas de intercâmbio científico e de dupla titulação. Isso puxa para cima o “sarrafo” da qualidade do ensino superior privado.

Portanto, a meu ver, o ano de 2017 traz novas perspectivas para a educação do país, apesar do cenário político e econômico tão complexo para a nossa sociedade.