COMODIDADE Antiviral em cápsulas se mostrou tão eficaz que o tratamento agora pode ser feito em casa (Crédito:Divulgação)

Como se fosse um tratamento para dor de garganta, brevemente os médicos vão poder prescrever o primeiro medicamento, via oral, contra a Covid-19. Desenvolvido pelo laboratório Merck Sharp & Dohme (MSD), o Molnupiravir foi testado em 170 países, inclusive no Brasil, e os resultados são auspiciosos. No total, 775 pessoas participaram do ensaio clínico. Metade dos voluntários tomou a droga e a outra parte ingeriu placebo, pílula sem efeito. Das pessoas que tomaram a droga, 7,3% tiveram que ser hospitalizados e não houve mortes. Por outro lado, 14,1% daqueles que foram submetidos ao comprimido falso, foram internados e oito morreram. Isso representa uma redução de risco de 50%. Segundo a médica Suzana Lobo, pesquisadora do Centro Integrado de Pesquisa do Hospital de Base e da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto, que participou dos estudos, o fármaco impede a replicação do vírus no organismo. “Diminuindo a carga viral, se reduz o risco de internação”, diz. O êxito foi tamanho que o medicamento está prestes a ter o uso aprovado nos EUA.

“O Molnupiravir e os anticorpos monoclonais são, verdadeiramente, terapias preventivas” Raquel Stucchi, infectologista da Unicamp e consultora da Sociedade Brasileira de Infectologia (Crédito:Divulgação)

Remédios eficazes

A transformação do vírus SARS (Síndrome Respiratória Aguda Grave), um velho conhecido da ciência, em SarsCov-2, causador da patologia, gerou mobilização histórica da comunidade científica em todo o mundo. A busca por vacinas deu certo e os objetivos de controle da pandemia foram alcançados. Entretanto, a doença ainda é motivo de preocupação, e, por isso, os cientistas e a indústria continuam atrás de novas formas de tratamento, em especial, de remédios eficazes. Assim, além do molnupiravir, há fármacos já conhecidos da medicina que foram direcionados ao combate do coronavírus, com o antiviral Remdisivir. Existem também os anticorpos monoclonais, produzidos por farmacêuticas como Eli Lilly e GlaxoSmithKline (GSK). Tratam-se de combinações químicas de diversas moléculas que reconhecem e bloqueiam a entrada do vírus na célula. Segundo Raquel Stucchi, infectologista da Unicamp e consultora da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), os anticorpos monoclonais devem ser usados no início do tratamento, pois são importantes para pessoas sob risco de desenvolver a forma mais aguda da doença. “O Molnupiravir e os anticorpos monoclonais são, verdadeiramente, terapias preventivas”, explica. “E, de fato, são muito promissoras”.