A líder civil Aung San Suu Kyi, expulsa do poder pela junta militar em Mianmar, é alvo de novas denúncias criminais, anunciou seu advogado nesta segunda-feira (12), enquanto o regime intensifica a repressão contra o movimento pró-democracia.

Ang San Suu Kyi, de 75 anos, não é vista em público desde que foi detida nas primeiras horas do golpe de Estado de 1º de fevereiro.

Desde então, a repressão das forças de segurança contra os manifestantes pró-democracia em Mianmar aumentou e já provocou as mortes de mais de 700 civis.

Ang San Suu Kyi “tem seis acusações, cinco em (a capital) Naypyidaw e uma em Yangon”, declarou à AFP Min Min Soe, indicando que as denúncias estão vinculadas à legislação sobre a gestão de catástrofes naturais.

A vencedora do Nobel da Paz de 1991 já estava sendo processada por outras acusações, incluindo “incitação à desordem pública”. Também é acusada de ter recebido subornos e de ter violado uma lei sobre segredos de Estado.

De acordo com o advogado, Suu Kyi – que está em prisão domiciliar em Naypyidaw – parece estar em bom estado de saúde, mas não é possível saber se ela tem acesso às informações do que acontece em Mianmar nos últimos meses e que gerou uma grande comoção internacional.

Assine nossa newsletter:

Inscreva-se nas nossas newsletters e receba as principais notícias do dia em seu e-mail

– Munição letal –

Nas manifestações quase diárias, com pedidos de libertação de Suu Kyi e retorno da democracia, as forças de segurança não hesitam em utilizar munição letal.

A sexta-feira passada foi um dos dias mais sangrentos. A Associação de Assistência aos Presos Políticos (AAPP), uma organização local, confirmou que neste dia “mais de 80 manifestantes antigolpistas foram assassinados pelas forças de segurança em Bago”, 65 quilômetros ao nordeste de Yangon, a capital econômica do país.

Apesar do banho de sangue, os protestos e as greves continuam no país.

Nesta segunda-feira, véspera da comemoração do Ano Novo budista em Mianmar, aconteceram novas manifestações em Mandalay e em Kalay, norte do país.

Em Yangon, vários ônibus municipais foram incendiados na madrugada de segunda-feira.

A repressão das manifestações recebeu condenação internacional, principalmente de países ocidentais, assim como sanções econômicas contra integrantes da junta militar.

China e Rússia se negaram a condenar a junta e, como possuem poder de veto no Conselho de Segurança da ONU, se opõem às sanções internacionais.

A China – principal aliada do exército de Mianmar -, porém, expressou recentemente sua crescente preocupação com a instabilidade e afirmou que está falando com “todas as partes”.


Siga a IstoÉ no Google News e receba alertas sobre as principais notícias