A publicidade digital no futuro é um tema que ronda o mundo do marketing de uma forma incerta. Tanto “o fim dos Cookies recém adiado pelo Google para 2023”, quanto a “LGPD” são os principais desafios do momento para os profissionais de publicidade. Buscar soluções, pesquisar o mercado entre tantas outras funções são fundamentais para achar um novo caminho. Mas, sem dúvidas, a principal delas é ouvir o consumidor. Pesquisas apontam que os usuários sabem que seus dados são utilizados de forma gratuita pelas empresas, sem nenhum tipo de recompensa ou “troca”.

Dados do relatório Digital Society Index 2020, produzido pela dentsu international, aponta que, uma troca de valor – entre quem cede seus dados e quem os utiliza – é esperada pelos usuários. Aproximadamente, 50% dos entrevistados esperam receber algum benefício financeiro em troca do uso de seus dados por parte de empresas nos próximos 2 ou 3 anos. Por esse motivo, soluções ou serviços que estimulem consumidores a divulgarem suas marcas favoritas, sendo recompensados com tokens ou moedas digitais é visto como oportunidade de mercado para encantar clientes e manter a base de dados de grandes empresas. Este modelo, conhecido por Blockchain Ads, tem ganhado força no marketing digital.

Na mesma linha, o Google está testando uma rede de confiança distribuída chamada “Trust Token”, onde diversas entidades podem compartilhar um pouco de informação sobre os usuários de internet e utilizá-la para fins de publicidade digital. “O grande desafio de tecnologias de blockchain para ads será criar um ecossistema grande o suficiente, tanto em número de empresas aderindo quanto em usuários utilizando. Não vejo riscos para imagem das empresas se bem feito”, afirma Tiago Vargas, CEO da Navegg, plataforma conectada ao grupo dentsu.

Para Vargas, o consumidor, dono do poder de compra, espera que marcas criem produtos e soluções que atendam suas expectativas e solucionem os “Job to be done” de seus consumidores. “É fundamental alinhar o quão bem elas atendem as necessidades a um preço adequado é a chave do sucesso”, considera.

Porém, o mercado busca um equilíbrio entre as marcas e o seu público, já que utilizar o seu próprio público para divulgar algo é muito poderoso. “Uma recomendação de produto ou serviço, realizada por uma pessoa próxima sempre tem muito mais força do que uma recomendação genérica feita pela própria marca. Isso é notório quando olhamos o crescente número de influencers digitais, que, de alguma maneira, estão mais próximos de seus seguidores e, como consequência, suas recomendações são bem mais vistas. Agora, imagina se sua mãe, companheira ou amigo te recomenda um produto ou serviço. A probabilidade de você utilizar é ainda maior”, esclarece Vargas.

Como todo blockchain e processos de gamificação, é necessária uma massa crítica (grande volume) de usuários e empresas aderindo ao conceito para que ela se torne relevante e utilizável. O sistema de gamificação tem como foco a descentralização de campanhas, já que os usuários podem usar seus próprios canais para dar voz às marcas – se aproximando ainda mais delas. “Junto com a gamificação vieram os programas de fidelidade, subscrições, entre outros. Cada marca, produto ou serviço precisa “jogar” com esses fatores de uma forma adequada. Gamificação por si só não é uma alternativa, ela precisa estar aliada com um bom serviço/produto e fazer sentido para o usuário final”, afirma o CEO da Navegg.

O futuro é a garantia de privacidade dos usuários, bem como das empresas. Dessa forma, o mercado dá ao consumidor o controle sobre o que estão fazendo com seus dados. No momento em que você começa a deixar a ação de divulgação para o próprio público, o controle de privacidade fica ainda mais complicado e, talvez, até impossível. Porém, vale ressaltar que, na internet, não há limites para as oportunidades de avanço tecnológico e inovação.