A procuradora-geral do estado americano de Nova York, Letitia James, entrou nesta quarta-feira (28) com uma ação contra a gigante brasileira JBS, acusando a empresa de “greenwashing”, ou apropriação injustificada de virtudes ambientalistas, por ter assumido compromissos insustentáveis para reduzir suas emissões de gases do efeito estufa.

A JBS não tem “nenhum plano viável para atingir seu objetivo de neutralidade de carbono até 2040”, alega Letitia em documento apresentado à Suprema Corte do estado de Nova York. “Mesmo se tivesse esse plano, o Grupo JBS não poderia cumpri-lo, porque não existem práticas agrícolas estabelecidas que reduzam as emissões a zero”, apontou a procuradora.

Sobre “compensar essas emissões”, ou seja, comprar créditos de carbono, o que equivale a investir em projetos que reduzam o efeito poluente, “seria uma medida cara, em uma escala sem precedentes”, apontou a procuradoria, segundo a qual, em junho passado, a associação de defesa do consumidor Better Business Bureau (BBB) recomendou à JBS USA, subsidiária americana do grupo brasileiro, que deixasse de mencionar seu objetivo de neutralidade de carbono até 2040. A BBB também apontou que a gigante do setor de alimentos “não dispõe de um plano definido e verificado” para alcançar esse resultado.

Segundo seu relatório de responsabilidade social, em 2022 a JBS emitiu 5,6 milhões de toneladas de gases de efeito estufa, incluindo as atividades diretas e o consumo de energia, o que representa mais do que países inteiros, como Islândia, Gâmbia e Guiné-Bissau.

“A JBS e a JBS USA usaram o ‘greenwashing’ e declarações enganosas para tirar proveito do desejo crescente dos consumidores de fazer escolhas que respeitem o meio ambiente”, disse Letitia James, afirmando que os executivos da JBS “disseram aos integrantes da indústria que eles deveriam usar uma comunicação voltada para os consumidores que se preocupam com o clima para se manterem competitivos”.

“A JBS leva muito a sério seu compromisso com um futuro mais sustentável para a agricultura”, afirmou a empresa à AFP. “Não concordamos com a ação de hoje da Procuradoria-Geral de Nova York”.

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