LAMPEDUSA, 13 AGO (ANSA) – O Mar Mediterrâneo Central, uma das rotas migratórias mais mortais do mundo, foi palco de mais uma tragédia com pessoas que tentavam chegar à Europa em busca de uma vida melhor e mais segura.
Um duplo naufrágio na costa da ilha italiana de Lampedusa deixou pelo menos 20 mortos e mais de 10 desaparecidos, voltando a jogar luz sobre uma crise humanitária que se arrasta há mais de uma década.
Segundo relatos de sobreviventes, dois barcos repletos de migrantes forçados partiram da Líbia, no norte da África, na noite da última terça-feira (12). Durante a viagem, uma das embarcações tombou, e diversas pessoas caíram na água.
Alguns passageiros, no entanto, conseguiram subir no outro barco, que, sobrecarregado, também virou e foi avistado semiafundado ao meio-dia (horário local) desta quarta (13), a cerca de 14 milhas náuticas de Lampedusa, por um helicóptero da Guarda de Finanças da Itália.
Ao todo, 60 náufragos foram resgatados com vida e levados para o centro de triagem da ilha italiana, incluindo 56 homens e quatro mulheres, mas as duas embarcações transportavam de 90 a 100 migrantes forçados.
Até o momento, 20 corpos foram recuperados do mar, e o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur) contabiliza entre 12 e 17 desaparecidos. Entre as vítimas confirmadas estão uma recém-nascida, três adolescentes, sendo dois do sexo masculino e um do feminino, e duas mulheres adultas.
“A enésima tragédia ocorrida hoje no Mediterrâneo Central nos causa profunda dor e desperta um pensamento de luto profundo pelas vítimas. Esse dramático episódio confirma, mais uma vez, a urgência de prevenir, desde os territórios de partida, as perigosas viagens no mar e de combater sem trégua os traficantes de seres humanos”, disse o ministro italiano do Interior, Matteo Piantedosi.
Já o deputado de esquerda Angelo Bonelli acusou o governo da premiê Giorgia Meloni de dificultar operações de busca e resgate no Mediterrâneo por parte de ONGs, com a apreensão de navios e até aviões de entidades humanitárias.
“Negar socorro significa condenar à morte. É preciso restabelecer um sistema de resgate rápido e coordenado para evitar que o Mediterrâneo continue sendo uma tumba a céu aberto”, acrescentou.
Lampedusa é uma das principais portas de entrada para deslocados internacionais na Europa e fica mais perto do norte da África do que da Península Itálica.
Todos os anos, dezenas de milhares de pessoas desesperadas tentam a sorte em travessias clandestinas no Mediterrâneo a partir da Líbia e da Tunísia, as chamadas “viagens da morte”.
Segundo o Ministério do Interior da Itália, 38.263 migrantes forçados chegaram ao país por via marítima em 2025, um pouco acima dos 37.644 registrados no mesmo período do ano passado.
Já a Organização Internacional para as Migrações (OIM) aponta que pelo menos 675 deslocados internacionais morreram ou desapareceram na rota do Mediterrâneo Central desde o início do ano, enquanto o número de fatalidades desde 2014 chega a 25.260.
(ANSA).