Nova tentativa de fuga de imigrantes em centro de detenção na Espanha

Nova tentativa de fuga de imigrantes em centro de detenção na Espanha

Cerca de quarenta imigrantes tentaram fugir e provocaram incidentes, na noite de terça-feira, em um centro de detenção de estrangeiros em Barcelona, no noroeste da Espanha, informou a polícia nesta quarta-feira.

Segundo uma porta-voz da polícia, cerca de 40 internos, em sua maioria de nacionalidade argelina, tentaram fugir do centro pela cozinha durante a hora do jantar, por volta das 20h30 locais (17h30 de Brasília).

Uma hora depois, cerca de 70 pessoas se negaram a ser trancadas em seus quartos e foram para o pátio do centro. “Quebraram elementos do pátio e alguns utensílios”, disse a porta-voz, apontando que alguns usaram “pedaços de madeira” e “varetas metálicas”.

Várias unidades policiais enviadas ao centro conseguiram conter o protesto “sem fazer uso da força”, disse a porta-voz. “Colocaram (os internos) um por um nos seus quartos e tiraram deles os objetos que usaram para fazer as depredações”, acrescentou.

Trata-se do terceiro incidente em duas semanas nestes Centros de Internamento de Estrangeiros (CIE), cujos detratores denunciam violações de direitos humanos e pedem o seu fechamento.

Entre os críticos estão as prefeituras de Barcelona e Madri, governadas por plataformas cidadãs de esquerda apoiadas pelo partido antiausteridade Podemos.

Na segunda-feira, cinco imigrantes de um CIE em Murcia (sudeste) conseguiram fugir durante uma briga encenada entre os internos, explicou um porta-voz da delegação do governo na região. No início de outubro nesse mesmo centro houve um motim, durante o qual 65 pessoas escaparam.

Na semana anterior, cerca de 70 internos do CIE de Barcelona se declararam em greve de fome durante um dia, e em 19 de outubro, 40 imigrantes se amotinaram em um centro de Madri, pedindo sua libertação.

Teoricamente, o papel destes centros, cujo funcionamento é pouco transparente, é deter preventivamente os imigrantes sem visto de residência enquanto se verifica se devem ser expulsos.

Segundo um relatório da Defensora do Povo (autoridade do Estado encarregada de garantir os direitos dos cidadãos), das 6.930 pessoas internadas em 2015, só 41,43% foram finalmente deportadas.

Associações de direitos humanos e apoio aos imigrantes denunciam detenções arbitrárias, maus-tratos físicos e psicológicos e violação de direitos como a assistência jurídica e o acesso adequado a tratamentos médicos nos CIEs.