Em que momento o termo nova política virou moda para homens públicos, grupos de formação política e setores do eleitorado? Talvez as manifestações de 2013 figurem como marco temporal. Através delas, cidadãos intensificaram críticas ao mundo político. Essencialmente movidos pela ideia do combate à corrupção, passaram a defender a nova política. Alguns fizeram questão de afirmar que não eram políticos e que isso os afastava da velha política, sendo esta fosse “o mal a ser combatido”.

Candidatos nos pleitos de 2016 e de 2018 apropriaram-se da nova política. Fizeram isso como estratégia de marketing, evitando misturarem-se com a política que foi demonizada por parcela da sociedade e por membros de instituições do Estado. Num determinado momento, a política passou a ser a causa de todos os males. De fato, muitos dos problemas se deram na política e foram protagonizados por políticos. Contudo, a política como método de deliberação e condução das políticas públicas acabou vítima dessa demonização.

Alguns autodenominados representantes da nova política não precisaram de mais do que alguns meses de mandato para demonstrar que em nada se distinguiam daqueles que colocavam sob o estigma da velha política. Outros deixaram claro, pela inércia ou pela ignorância sobre as atribuições dos cargos aos quais foram eleitos, que não são a nova política, ainda que sejam novos na política. Fosse à nova política tão boa como propagavam, o preparo para desempenhar as funções seria pressuposto. Além desses dois modelos de nova política — com velhas práticas ilícitas e desconhecimento sobre competência funcional —, é possível delinear um terceiro. A nova política também serviu de verniz a indivíduos com décadas de pífio histórico político. Por que isso foi possível? Pois nunca tiveram projeção e aproveitaram-se da nova política para surgirem como protagonistas do moralismo e da eficiência. Apesar de velhos na política, nunca tiveram qualquer relevância entre seus pares. Assim, apresentaram-se como a nova política.

O que tudo isso demonstra? Que é um equívoco adjetivar a política como nova ou velha. A adjetivação correta está na distinção entre boa e má política. A boa política é método indispensável à realização da democracia e pode ser feita por velhos ou novos políticos que queiram servir ao povo. Boa política se faz com espírito público, caráter, preparo, decoro, disposição ao diálogo e poder de persuasão. Ausentes esses pressupostos, a política não será nova ou velha, será má política.

A boa política é método indispensável à realização da democracia e pode ser feita por velhos ou novos políticos que queiram servir ao povo

Assine nossa newsletter:

Inscreva-se nas nossas newsletters e receba as principais notícias do dia em seu e-mail

Siga a IstoÉ no Google News e receba alertas sobre as principais notícias